Pedro Duarte, PSD, CDS e IL, roubou ao Chega o tema caro do partido ao apresentar um programa muito securitário? Não roubou nada. Nem está a tentar roubar o tema. Está só a tentar roubar votos. Porque todos sabemos que isso não passa de uma simulação. O cartaz do Pedro Duarte onde aparece em frente a carros de polícia como exterminador implacável, é só ridículo. A estratégia laranja vai resultar? Não estou preocupado com a estratégia do PSD. Já estive e hoje parece que reconhecem que tinha razão, quanto tentam ir atrás do tema da segurança, quando antes o negavam. A proposta de Pedro Duarte não é credível e por isso é uma má estratégia. Aliás, todos percebemos que ele nem sequer se sente confortável naquele papel. Para o Chega, e em particular para si, o que será um bom resultado e o que será um mau resultado no Porto? O Chega tornou-se num partido com vocação de poder. E por isso ao candidatar-me ao Porto, que para mim é a primeira cidade do país, temos que assumir a responsabilidade de apresentar uma alternativa para ganhar. Temos, contudo, consciência que partimos de trás para a frente no Porto. Aquilo que seria um bom resultado seria o Chega ter o poder de determinar políticas. E creio que isso está ao nosso alcance, ganhando ou concentrando voto em vários vereadores do Chega na oposição. O Porto esteve tempo demais sem escrutínio e nós, se não ganharmos, vamos escrutinar tudo. Na verdade, há um ano, era o líder da bancada do PSD na assembleia municipal. Mas já lá vamos. Por agora, o Porto tem um problema de insegurança ou há a perceção de que é uma cidade insegura? Gostava que distinguisse..Os STCP são um caso paradigmático da má gestão municipal que tanto Manuel Pizarro como Pedro Duarte se propõem continuar. No último ano os STCP perderam mais de 3 milhões de passageiros, mas o défice cresceu. Temos de passar a gerir bem e a coordenar muito melhor os autocarros da cidade, porque o Metro não chega a todo o lado.. O Porto tem problemas de segurança que provocam uma perceção. A insegurança é precisamente isso. Se eu não saio à rua por ter uma perceção que posso ser assaltado, esse é em si um problema de segurança. Coincide com Pedro Duarte quando este diz não crer nos números oficiais da criminalidade no Porto. Por outro lado, em que divergem? Creio que a estatística é um instrumento importante. O que não podemos fazer é fechar os olhos à realidade por causa da estatística. Por outro lado, a nossa estatística é má e incompleta. Os dados a que temos acesso não estão desagregados por concelho. O Porto cidade não é o Distrito, por exemplo. Por outro lado, os dados não relacionam imigração e segurança, porque a estatística não identifica a nacionalidade. Ou seja, quando nos dizem que essa relação não está demonstrada é verdade, mas só é verdade que não sabemos, porque a estatística não nos diz nem que sim nem que não. Quanto ao Pedro Duarte, não faço ideia do que ele pensa. Só lhe oiço soundbites. Há dias vi num jornal online o Pedro Duarte a arrancar redes de um terreno e a falar de sangue a escorrer pelos braços de pessoas imaginárias. Isso não é ter pensamento nenhum sobre segurança. É populismo e é até um pouco confrangedor para a pessoa que ele é. Em que medida as suas propostas securitárias são mais eficazes? São eficazes porque estão direcionadas para as pessoas e baseiam-se na realidade e não nos focus group e nas sondagens que o Pedro Duarte contratou. Nessa matéria, o que vai exigir ao governo central? Não vou exigir, já propus e fi-lo através do grupo parlamentar do Chega. Uma lei a que chamei Lei Bonfim, onde se limita o número de pessoas que podem obter um atestado de residência numa mesma casa. No Bonfim o presidente da Junta foi obrigado por Lei a atestar a residência de mais e 100 pessoas num T1. Desenhei um projeto-lei que será apresentado pelo Chega na Assembleia da República para limitar isso e permitir que se abram processos de fiscalização municipal. O Pedro Duarte já disse que não quer. Penso que a Lei Bonfim fez cair a máscara ao implacável Duarte. Em relação à “Lei Bonfim”: como vai garantir que essa lei respeita direitos fundamentais de habitação e mobilidade? Aquilo a que chamei a Lei Bonfim está implementado na Catalunha. O direito à habitação não pode ser estarmos a dar o direito a redes de imigração ilegal a possibilidade de empacotar pessoas em T1s. Se quisermos fazer isso com animais há uma lei que proíbe. Mas passamos atestados a humanos. O que estamos a fazer com esta lei é a garantir os direitos fundamentais de humanos. Quais serão as garantias legais de recurso para quem se sentir injustiçado? Totais. Aliás, a própria Lei prevê que o número que fica definido por habitação possa ser ultrapassado mediante inspeção ou em casos de agregados familiares numerosos. Mas o direito a recurso é sempre garantido, claro. A segurança é o maior problema da cidade? Não sei se é o principal, mas não é o único. O trânsito tem de ser resolvido. A imprevisibilidade do trânsito no Porto é castradora da cidade. A gestão de obras, do espaço púbico, dos semáforos e até do bom senso é uma urgência. A habitação é outro problema e temos sobre isso propostas práticas e imediatas que os nossos adversários não têm. E a má despesa pública, que está por todo o lado tem de ser travada. Que modelo de cidade defende? Qualidade de vida. Uma cidade onde possamos viver em família, onde possamos trabalhar e usufruir do espaço público, que cresça de forma sustentada e que se expanda para Campanhã, onde existe um mundo de oportunidades que são desprezadas pelos meus adversários. Sobre a proposta de usar 20% da taxa turística para apoiar famílias com dificuldades no pagamento de rendas: como vai definir “famílias com dificuldades”? Estão definidas num programa que já existe. Há uma fórmula que combina rendimento e taxa de esforço. O que proponho é simples e imediato, injetar 20% da taxa turística nesse fundo e alargar os critérios, por forma a chegar à classe média que paga uma renda ou que paga uma mensalidade, ajudando com até 300 euros mensais, temporariamente. .Aquilo que seria um bom resultado seria o Chega ter o poder de determinar políticas. E creio que isso está ao nosso alcance, ganhando ou concentrando voto em vários vereadores do Chega na oposição. O Porto esteve tempo demais sem escrutínio e nós, se não ganharmos, vamos escrutinar tudo.. Defende que a habitação pública existente é suficiente. Mas há listas de espera significativas para habitação social: como pretende reduzir essas filas? Há listas na habitação social porque erradamente alargaram os critérios. Muitas dessas famílias que estão nessa lista poderiam ter o problema resolvido da forma que proponho. A habitação social tem de ser para quem precisa mesmo. Para quem não pode pagar quase nada. E há muito stock de habitação nos bairros que neste momento está entregue a quem não precisa. As pessoas têm de fazer prova de que precisam das casas. E não é pequena. Podem não ter rendimentos e, contudo, não precisarem da casa. Basta que o rendimento não seja declarado. Há muita gente que precisa, mas também há casos em que isso não acontece. Casos que nos são relatados por moradores e associações de moradores, apesar de o fazerem com muito medo. O que propomos é um aumento da fiscalização. Que papel terá o setor privado ou organizações sem fins lucrativos nisso? Um papel fundamental. Sou muito favorável a porem-se terrenos como os de Monte Pedral ou Monte da Bela, que são municipais, ao serviço de cooperativas e privados para que possam construir, condicionando parte a renda acessível. É relativamente fácil. Mas isso demora tempo que não temos. Temos que de imediato alargar os apoios às rendas. Quanto vai custar (e como será financiada) a proposta de pagar propinas aos estudantes residentes no Porto? Que critérios de mérito serão usados e como evitar privilégios ou desigualdades? Essa proposta custa cerca de 7 milhões de euros. Estamos a falar de um orçamento municipal de 500 milhões. Sabemos que os jovens quando saem da cidade para estudar raramente voltam. É importante criar estímulos para que se mantenham no Porto. No fundo o que fazemos não é pagar as propinas, mas dar um valor equivalente aos estudantes do Porto para que fiquem aqui. Por outro lado, queremos também premiar o mérito com bolsas de estudo. É um investimento no futuro. Muitas das suas propostas dependem de fiscalização, registos, transferências de competências para juntas de freguesia. Como assegura que essas instituições têm recursos humanos, financeiros e técnicos para cumprir essas tarefas? Não é verdade que impliquem assim tanto. Aliás, neste caso, a maior transferência é de poder político. As fiscalizações podem ser feitas pelo Município, como aliás, está previsto. Não é uma preocupação. No que toca ao Metrobus da Boavista: propõe-se que o dinheiro “seja devolvido”. Resolveria o problema? Claro que sim, porque daria à Câmara meios para corrigir o que está mal. O mal está feito. Que solução viável defende para a mobilidade na avenida? Há várias. E até podem ser autocarros, mas em faixa dedicada e com senso, algo que ali não está presente. Mas a prazo deveríamos ter Metro a sério na zona ocidental, que sempre teve previsto e que nunca avançou. Em transportes escolares ou adaptação de horários da STCP aos estudantes: vai haver estudo prévio para perceber os fluxos e o custo? Qual será o impacto financeiro previsto? Os STCP são um caso paradigmático da má gestão municipal que tanto Manuel Pizarro como Pedro Duarte se propõem continuar. No último ano os STCP perderam mais de 3 milhões de passageiros, mas o défice cresceu. Temos de passar a gerir bem e a coordenar muito melhor os autocarros da cidade, porque o Metro não chega a todo o lado. A escola tem de ter aqui um papel determinante nos percursos. Numa cidade como o Porto não faz sentido haver transporte escolar dedicado porque não temos fluxos fixos entre pontos. Por isso temos que ter uma STCP mais atenta a estes fluxos, estudando e implementando bem. .O Bolhão tem de voltar a ser um mercado de frescos. Os principais corredores centrais têm de estar dedicados a eles e a restauração tem de ser assumida nos locais próprios. Isso tem de ser feito com fiscalização e organização. Para ser o que é hoje, não se tinha gastado 50 milhões e podia ter-se entregado a privados. Para termos o Bolhão como queremos, temos de ser competentes na gestão. . Quer parar obras consideradas “disparate” e exige rapidez nas obras essenciais. Que critério usará para decidir quais são realmente essenciais? E como evitar atrasos ou sobrecustos? Não há plano nenhum por parte do urbanismo. Dá ideia que saltam projetos de prateleiras e vão sendo implementados. Temos de olhar para o centro histórico e ver o que precisa para continuar a suportar a pressão a que está sujeito e temos de olhar para certos percursos no resto da cidade em que os carros são encaminhados a fazer quilómetros quando estamos a metros do destino. A gestão do espaço público e das obras é em si um desastre. Como tenciona garantir que o modelo de cidade que propõe será inclusivo para todas as camadas da população? Garanto através de sistemas que olhem para as pessoas estimulando a que façam. Não podemos viver num sistema de subsidiodependência em que o Estado dá tudo. Queremos que as pessoas tenham oportunidade, apoiando-as temporariamente quando o mercado falha, como agora acontece na habitação. O Chega vai propor a criação de um conselho municipal de moradores, onde as associações, polícia, proteção civil e outros organismos estarão presentes para poder ouvir e forçar a Câmara a tomar decisões. Não é esse também o papel da Assembleia Municipal, onde foi líder da bancada do PSD? A lei prevê a constituição de conselhos municipais e até obriga a que existem alguns, como é o caso da segurança e da educação. O que eu proponho é que se crie um onde haja canais regulares de contacto da população, dos moradores, com a classe política que os representa. São planos diferentes e complementares, previstos na Lei. Vamos ao passado recente. Durante anos representou o PSD na Assembleia Municipal do Porto. O que mudou no seu entendimento da cidade para hoje se apresentar pelo Chega? Os entendimentos a que chegamos com o grupo do Rui Moreira visavam duas coisas: garantir a governabilidade e assegurar algumas conquistas. As conquistas que pretendíamos garantir foram esquecidas e trocadas por tachos e foi por isso que eu saí. Que diferença prática há entre o seu discurso atual e aquele que fazia enquanto social-democrata? É uma mudança de convicções ou de oportunidade? Nenhuma diferença. Eu não mudei de discurso nem de convicções. Quem mudou foi o partido. Como responde a quem o acusa de ter mudado de partido por conveniência eleitoral? Com um sorriso. O que dizer então do PSD que há dois anos me criticava por falar de segurança e hoje tem um candidato que simula ser o exterminador implacável? Que balanço faz da governação de Rui Moreira, que o PSD apoiou durante boa parte dos mandatos? Partilha responsabilidade pelas decisões que então defendeu? O PSD apenas apoiou no último e sempre foi oposição. O Rui Moreira entrou bem, a tentar mudar o discurso da cidade. E consegui-o durante algum tempo. Depois foi decaindo, deixando que grupos e corporações tomassem conta do sistema e que a má despesa pública invadisse os gabinetes..Os entendimentos a que chegamos com o grupo do Rui Moreira visavam duas coisas: garantir a governabilidade e assegurar algumas conquistas. As conquistas que pretendíamos garantir foram esquecidas e trocadas por tachos e foi por isso que eu saí.. O Mercado do Bolhão tem sido um pomo de discórdia. Praça da alimentação vs mercado de frescos. O Bolhão tem de voltar a ser um mercado de frescos. Os principais corredores centrais têm de estar dedicados a eles e a restauração tem de ser assumida nos locais próprios. Isso tem de ser feito com fiscalização e organização. Para ser o que é hoje, não se tinha gastado 50 milhões e podia ter-se entregado a privados. Para termos o Bolhão como queremos, temos de ser competentes na gestão. Em várias matérias — mobilidade, reabilitação urbana, segurança — teve voto ativo enquanto líder do PSD na Assembleia Municipal. Assume co-responsabilidade por decisões então tomadas? Não, porque essas propostas que acordámos com o Rui Moreira e que foram sendo alvo de deliberações quase nunca foram executadas ou foram mal geridas. O problema é mesmo esse. Que erros reconhece no trabalho que a bancada que liderou cometeu? Que compromissos assumiria hoje para corrigi-los? O erro foi termos acreditado que havia na governação do Rui Moreira um impulso para ainda fazer no terceiro mandato. Mas era mentira. O que havia era apenas tática, tática e tática. Negócios de lugares. Não entro nisso..Quanto ao Pedro Duarte, não faço ideia do que ele pensa. Só lhe oiço soundbites. Há dias vi num jornal online o Pedro Duarte a arrancar redes de um terreno e a falar de sangue a escorrer pelos braços de pessoas imaginárias. Isso não é ter pensamento nenhum sobre segurança. É populismo e é até um pouco confrangedor para a pessoa que ele é.. Considera que o PSD falhou o papel de oposição no Porto? ️Falhou completamente. O PSD abandonou o Porto e a prova disso foi ter ido a Lisboa e ao Governo buscar um candidato que não sabe para que lado fica Campanhã. Não sabe nada do Porto. Que alianças está disposto a fazer após as autárquicas? Há temas ou princípios em que não fará compromissos? Quais as suas linhas vermelhas? Não gosto nem da expressão nem demasiado da cor. Prefiro olhar para a oportunidade de termos força no executivo. Há uma coisa que garanto. Se ganharmos é para pormos a Câmara na ordem e se perdermos também, porque estaremos na oposição, onde nada será como antes. Foi escolhido por André Ventura para o “Governo Sombra do partido”. O que pensa dos “quadros” do Chega? Estou neste momento muito concentrado na candidatura ao Porto. Haverá tempo para pensar nisso. Neste momento, não queria debruçar-me sobre essa matéria em pormenor. Direi apenas que o Chega está a crescer e a atrair cada vez mais gente com qualidade. O que diz a quem diz “este nem parece do Chega”? Digo que estão preocupados com o Chega e com o resultado que o Chega vai ter no Porto.