Alguns aspetos da proposta de lei sobre Cibersegurança levantam dúvidas à Polícia Judiciária. Em causa está sobretudo um aditamento que prevê atos não puníveis, como os cometidos pelos chamados ‘caçadores de vulnerabilidades’ das organizações, uma vez verificado o interesse público. Carlos Cabreiro, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), identificou alguns desafios e riscos nesta proposta no painel sobre Resposta a Incidentes e Gestão de Crises, no âmbito da conferência sobre Cibergurança do DN, que está a decorrer na Fundação Oriente, em Lisboa..No entender daquele órgão de polícia criminal, o facto de não existir punição não deve evitar a investigação e até a divulgação e exposição dos autores, dentro dos princípios da proporcionalidade. Por outro lado, há ainda a dificuldade de interpretar a intenção do autor. Por último, Carlos Cabreiro defende que quem se dedique a essa atividade a título formal ou informal deveria ter uma autorização prévia e fazer parte de um registo nacional..“A Sonae está a preparar-se há muito tempo para reforçar a sua cibersegurança”, disse Pedro Cupertino, o CISO do grupo Sonae. “Tal como fizemos no processo de adaptação à transposição da diretiva sobre proteção de dados, estamos agora com as nossas equipas legais a atuar em rede com os parceiros, é um caminho longo, que vai entrar em consulta pública”, disse..Sendo uma empresa que atua também no setor da distribuição alimentar, há todo um universo de fornecedores de fora do setor tecnológico que, com a entrada em vigor do novo regulamento sobre cibersegurança, vai ter de ser escrutinado, admitiu Pedro Cupertino..Tendo em conta que faltarão cerca de 2,8 milhões de especialistas em cibersegurança a nível mundial, o Sans Institute procura formar pessoas com competências para ajudar as organizações a enfrentar este desafio. Carlos Fragoso referiu que a meta do instituto é formar 50 mil pessoas nestas áreas até ao fim do ano..Carlos Fragoso considerou que um dos maiores desafios é que todos estejam ao mesmo nível. O responsável lembrou que "as competências tradicionais já não são suficientes", encorajando as empresas a irem buscar cérebros fora para reforçare a criatividade e resiliência internas..Do lado do regulador, João Alves, Chefe de Segurança da Anacom considerou que “em Portugal temos a sorte de ter um setor das comunicações bastante maduro”, mas admitiu que a IA e a condução autónoma vão trazer novos impactos. “Juntos temos de proteger o setor, que já tem, sobretudo desde 2019, um conjunto de obrigações bastante exigente em matéria segurança, disse.