Uma vénia a Ronaldo, o quarentão

Em 2008, ano em que Cristiano Ronaldo ganhou a primeira das suas cinco Bolas de Ouro, e em que o argentino Messi também já comprovava em campo tudo o que o seu percurso na formação do Barcelona prometera, o jornalista espanhol Santiago Segurola, nas páginas do DN, antecipava que a próxima década seria marcada por um duelo taco a taco entre os dois futebolistas, que seriam de tal forma hegemónicos que ninguém conseguiria aproximar-se do seu patamar. O tiro foi certeiro: seria preciso esperar até 2018 para outro jogador – no caso, o croata Luka Modric –, ser eleito o Melhor do Mundo, sendo que Messi ainda somaria nos anos seguintes mais três Bolas de Ouro.

A verdade é que essa rivalidade Ronaldo/Messi ainda hoje não tem paralelo e continua a motivar acesos debates. Numa entrevista ao canal espanhol laSexta, o internacional português não hesitou em afirmar que é “o melhor e mais completo” jogador da história do futebol.

A resposta, claro, depende sempre de quem é questionado. Pergunte-se a um brasileiro e, provavelmente, colocarão à frente de todos Pelé e Ronaldo Nazário, o Fenómeno. Pergunte-se a um argentino e não será surpresa que Maradona seja o preferido de muitos. Pergunte-se a um português e Ronaldo, salvo algumas exceções que viram Eusébio jogar, estará sempre no topo da preferências.

A escolha, além de complicada, terá sempre que ver com as características do jogador de que a equipa necessita e que o treinador promove no seu estilo de jogo. Fantasia? Messi. Força? Ronaldo. Um para um? Messi. Liderança? Ronaldo. E quem fará mais falta num balneário? Aqui, o treinador de bancada que há em mim diria Ronaldo. E por uma razão prática: a capacidade de trabalho que sempre evidenciou pode ser contagiante para os restantes colegas e a vontade de superação individual é o primeiro passo para um sucesso que, no final, se quer coletivo.

Ronaldo celebra hoje 40 anos e a ambição e autoestima estão intactas. Tem mais de mil milhões de seguidores nas redes sociais, usufrui no Al Nassr do maior contrato do futebol mundial, inspira milhões de jovens jogadores planeta fora, e, enquanto marca, segundo o Instituto Português de Administração e Marketing (que faz essa monitorização há 15 anos), CR7 vale 850 milhões de euros. O que se pode querer mais? Simples: atingir a mítica fasquia dos 1000 golos (faltam-lhe 77).

Ronaldo garante que hoje segue a máxima de pensar dia a dia e que o 1000.º golo não é uma preocupação. Acredite quem quiser. Se não tiver nenhuma lesão grave, o português irá querer firmar ainda mais o seu nome na História. A força de vontade está na sua essência e aos 40 anos merece uma vénia.

Editor Executivo do Diário de Notícias