1 - Trump e as criptomoedas.A valorização das criptomoedas após as eleições de 5 de novembro tem sido impressionante. Em menos de duas semanas, a bitcoin valorizou mais de 30% e acumula ganhos de 115% este ano ao cotar acima de $93 000. A bitcoin ocupa o 8.º posto como ativo mais valioso do mundo medido por capitalização de mercado, já acima da prata, com 1.8 biliões de dólares. Esse ranking tem como “top 3” o ouro, a Nvidia e a Apple. O otimismo dos investidores baseia-se na proximidade de Trump a estes ativos, que numa primeira fase rejeitou. Dado o controlo Republicano nos vários órgãos de poder, é improvável a criação de moeda digital (CBDC) pela FED no curto prazo. Espera-se que haja pressões no sentido de constituição de uma reserva em bitcoin a nível federal e que a desregulação permita a utilização das tecnologias blockchain abertas em muitas aplicações, desde logo no setor financeiro..2 - As mães e o saldo migratório.O INE revelou na sexta-feira as estatísticas demográficas de 2023. Os dados mostram que continuamos a envelhecer, mas também que a população residente em Portugal aumentou pelo quinto ano consecutivo em resultado do saldo migratório. “A população residente em Portugal foi estimada em 10 639 726 pessoas, o que representou um aumento de 123 105 habitantes relativamente ao ano anterior. O saldo migratório foi positivo (155 701) pelo sétimo ano consecutivo (136 144 em 2022)”. De entre vários dados interessantes, vale a pena destacar este: Em 2023, 29,2% dos nados-vivos eram filhos de mães que nasceram fora de Portugal. Ou seja, cerca de 30% dos bebés que nasceram em Portugal são filhos de imigrantes. Não fossem eles e o inverno demográfico seria ainda mais ameaçador..3 - Banca com lucros excessivos.O tema é polémico, mas tem de ser discutido. Estima-se que a banca portuguesa vá lucrar mais de 5 mil milhões de euros este ano, o que poderá significar cerca de 2% do PIB. A maior parte desses lucros será distribuído sob a forma de dividendos, pelo que não serão utilizados na capitalização das instituições. Não serão investidos nem nos bancos nem na economia e também não se está a prever a restituição antecipada ao Fundo de Resolução, que ainda deve mais de 6.3 mil milhões de euros ao Estado. A situação não se circunscreve a Portugal, com as políticas monetária dos bancos centrais, as práticas comerciais em termos de remuneração de depósitos e de comissionamento a potenciarem uma situação de assimetria de poder entre a banca e os restantes agentes económicos. O comissionamento dos sistemas de pagamentos digitais deveria merecer atenção especial. Na prática é um imposto privado sobre as transações de retalho, através do qual os bancos se apropriam de montantes relevantes da atividade económica, que acabam por ser suportados pelo consumidor, mesmo que não o perceba.