Portugal na Europa

O sucesso ou insucesso da União Europeia, das suas instituições e das suas políticas, significará também uma melhor ou pior qualidade de vida para os portugueses. Assim, e contrariando tendências passadas, espero que todos aproveitem os próximos tempos para promover o imprescindível debate sobre Portugal na Europa.
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No próximo dia 9 de junho, os portugueses vão escolher os seus representantes no Parlamento Europeu, a única oportunidade verdadeiramente democrática de ajudar a decidir o nosso futuro comum. 

Estas eleições ocorrem numa altura em que a Europa enfrenta novos desafios geopolíticos. Não são desafios fáceis e os respetivos impactos, quer nos indivíduos, quer nas diversas comunidades, não são despiciendos.  A Europa tem de escolher de qual dos lados do novo mundo divido se quer encontrar: se do lado da ordem liberal, na defesa da democracia pluralista, da liberdade e da dignidade humana, se do lado da ordem autoritária, fechada e intolerante. 

Os europeus, esses, continuam a viver momentos de grande ansiedade sobre o seu futuro. Os seus valores, identidades, territórios e fronteiras, voltam a ser questionados, pois, em vez de celebrar a paz, que se seguiu o fim da Segunda Guerra Mundial e subsequente Guerra-Fria, tristemente, com tantos conflitos latentes ou em curso, podemos abeiramo-nos vertiginosamente de uma Terceira.  

Portugal deve ter a ambição, não só partilhar os valores europeus, como de estar na sua linha da frente em produtividade, inovação tecnológica e riqueza criada. Isto é, deve convergir com os melhores, pondo fim à armadilha dos fundos externos, sempre na origem da nossa eterna dependência. 

A fim de ilustrar a pertinência do debate sobre os temas europeus, vejamos, ainda que de forma aleatória e abreviadamente, alguns exemplos:

A inovação científica e tecnológica, nomeadamente, através do uso da inteligência artificial e de novos materiais; a logística e o abastecimento energético e alimentar; a relocalização industrial; os custos sociais das transições ambientais e energéticas; o fim da compra de dívida pelo BCE, com o consequente fim dos juros baixos; a harmonização tributária das empresas; a renegociação das regras orçamentais da zona Euro; as relações com os USA, China, Rússia e Índia e o futuro de África; a luta contra o terrorismo e o crime organizado; a segurança no novo espaço digital; a integração dos imigrantes e refugiados; ou por fim, mas não menos importante, a existência uma verdadeira segurança e defesa europeias, perante os novos riscos e ameaças.

Infelizmente, tendo em conta eleições anteriores, centradas essencialmente em questões domésticas, parece que aos políticos portugueses pouco disto interessava. Será que o assumido consenso ao centro, sobre política externa, torna irrelevante a discussão de diferentes pontos de vista sobre estes temas? 

No fundo, e esse é o ponto que quero sublinhar, o sucesso ou insucesso da União Europeia, das suas instituições e das suas políticas, significará também uma melhor ou pior qualidade de vida para os portugueses. Assim, e contrariando tendências passadas, espero que todos aproveitem os próximos tempos para promover o imprescindível debate sobre Portugal na Europa.

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