Estamos na época de Natal, onde não só oportunamente recebemos alguns conselhos sobre as possíveis manifestações de Amor que podemos ter neste período, para com os familiares e para com os amigos, como também felizmente se nos proporcionam momentos de convívio e de encontro, seja com antigos ou novos colegas, da escola ou do trabalho, seja com os familiares que nos acabamos por reunir próximo dos dias 24 e 25 de Dezembro.É assim um momento para pensar como os mais idosos são acompanhados e como vivem este período da sua vida, que por vezes se estende consideravelmente, tendo em conta a esperança de vida cada vez mais alargada. Há em Portugal cerca de 800.000 pessoas com mais de 80 anos. Segundo a OCDE, 50% deste grupo tem um grau de dependência considerável e 30% tem necessidades de apoio contínuo, oferecido actualmente pelas ERPI (estruturas residenciais para pessoas idosas), vulgo Lares de Idosos e Residências Sénior, ou pelas empresas de apoio domiciliário.Existem de momento pouco mais de 100.000 camas em Lares e Residências Sénior, distribuídas pelas cerca de 2.800 instituições, entre sociais e privadas, nacionais. Assim sendo, há escassez de oferta para a procura, que tende também a aumentar. Se antigamente a entrada num Lar era considerada quase sempre uma opção de contingência, actualmente é muitas vezes um sinal de afirmação da dedicação e da atenção da família para com o idoso a sua colocação numa confortável e moderna Residência Sénior, com todas as comodidades, serviços e atenção clínica, que dificilmente conseguiriam ser oferecidos em casa, sobretudo quando não há o conhecimento ou as ferramentas para a dependência, acima referida. Segundo a Via Senior, empresa que recebe os pedidos das famílias, que pretendem aconselhamento e confirmação de vagas e mensalidades de forma imediata nas Residências Sénior e Lares de Idosos, mais de 70% dos contactos, nomeadamente neste período do Natal, referem-se a situações de entradas urgentes, ou seja, a concretizar em menos de duas semanas, devidas a altas hospitalares, recuperação de acidentes, ou outras intercorrências. Por outro lado, ainda segundo esta plataforma, 10% das entradas já são feitas para utentes independentes, que apenas pretendem acautelar um local mais adequado para viver, nesta nova fase da sua vida, num espaço que lhes ofereça segurança e conforto, com equipamentos como ginásio, biblioteca, salas de estar, ou capela, para além da vigilância preventiva da equipa técnica. Este sector é, portanto, muito importante na realidade nacional e merece ser tratado com carinho. Se por um lado é o verdadeiro pulmão social do país, na medida em que as IPSS, Misericórdias e entidades privadas garantem diariamente o acompanhamento aos mais de 100.000 idosos nessas unidades instalados, por outro lado emprega directamente mais de 50.000 pessoas. Neste sentido, sugiro duas medidas que poderiam ser consideradas nas políticas públicas para 2026 e que não oferecem grandes dificuldades na sua implementação:1. Dotar as famílias de um Cheque Sénior: é uma realidade já implementada com sucesso noutros países, entre os quais a vizinha Espanha. Este instrumento permite às famílias escolher mais facilmente a instituição, privada se necessário, onde colocar o seu idoso. Desonerando assim o SNS, pela prevenção e pelo cuidado oferecidos, e o próprio agregado, que fica livre para outras atividades mais produtivas, do ponto de vista económico e até social e familiar, sempre que necessário. Para tornar o modelo mais justo, poderá aumentar-se o valor do cheque em função da dependência do idoso e baixá-lo em função do rendimento do agregado familiar. 2. Bonificar fiscalmente o arrendamento dos imóveis onde os idosos habitem para financiarem o pagamento da mensalidade na instituição: com a redução de impostos, para desta forma se incentivar a sua colocação no mercado, e até com majorações fiscais caso a operação se verifique junto de famílias com, por exemplo, menos de 30 anos e mais de 2 filhos. Espera-se ainda que o novo enquadramento legal previsto, do sector, leve em conta não só as necessidades dos utentes e das suas famílias, como também os interesses dos promotores, no sector social e no privado, responsáveis últimos pelo número de camas disponíveis. Levando sempre em consideração o alívio que este gera ao Sistema Nacional de Saúde. CEO da Via Senior