Northvolt, da luz na noite europeia ao incerto raiar da Aurora

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A Northvolt, empresa pioneira na produção de baterias elétricas na Europa, construiu (2018-2020) a sua primeira fábrica sueca em Skellefteå e anunciou planos para outras fábricas na Europa e no Canadá. Fortemente apoiada pelo Governo sueco, pelo BEI e pelo Banco de Investimento Nórdico, conseguiu atrair importantes investidores - VW, Goldman Sachs, Vargas Holding, ATP, Bailie Gifford, AP Funds, AMF, BMW.

A Northvolt conseguiu captar >US$ 50 mil milhões (mM$) em encomendas das principais montadoras e grupos industriais da Europa (sobretudo da VW, da Volvo e da BMW) e levantou avultados fundos - >15 mM$ em capital, dívida e ajudas estatais, dos quais 4,5mM$ em capital e 9,3mM$ em dívida, bem como 3,8mM$ em ajudas estatais da Alemanha e do Canadá para construir futuras gigafábricas.

A Northvolt pretendia produzir 32 gigawatts-hora (GWh) até 2023; todavia, em 2023, produziu <1GWh, tendo empurrado a meta de 32GWh para 2026. A empresa registou um prejuízo líquido de 1,2mM$ (4x maior do que em 2022) e o património líquido no seu balanço caiu de 3,9mM$ no início de 2022 para 2,1mM$ no final de 2023, tendo 3,8mM$ de dívida convertível.

Em junho de 2024, a BMW cancelou uma encomenda no valor de 2mM$ devido a atrasos e preocupações com a qualidade das baterias. A situação financeira da empresa não é famosa e o Governo sueco recusou efetuar o resgate da empresa.

Em junho, a Northvolt abandonou os planos para construir uma fábrica em Borlänge, na Suécia, e está a encerrar as operações de desenvolvimento de baterias da sua subsidiária Cuberg em São Francisco, nos EUA. “Desacelerou” os programas e a expansão da Northvolt Labs (unidade de I&D na inovação em baterias) em Västerås, na Suécia. Anunciou que procura parceiros e investidores para a produção de sistemas e pacotes de baterias da Northvolt Dwa (em Gdańsk, na Polónia). Declarou “continuar comprometida” com os projetos Northvolt Six (Canadá), Northvolt Drei (Alemanha) e NOVO (Suécia), mas muitos analistas consideram que os planos para estas novas gigafábricas enfrentam um futuro incerto.

Os constrangimentos financeiros obrigaram a Northvolt a diminuir a sua ambição, focando-se, por ora, na fabricação de células elétricas, e a operação na Suécia é objeto de um redimensionamento (com 1600 despedimentos).

Até agora a Northvolt não disse uma palavra sobre o projeto Aurora Lithium, uma refinaria de lítio em Portugal em parceria com a Galp. Apesar do reiterado empenho da Galp, estará a Northvolt em condições de honrar o compromisso de adquirir metade da produção de hidróxido de lítio para fabricação de cátodos de baterias elétricas, quando acabou de anunciar que vai “colocar as operações na instalação de produção de material ativo catódico em cuidados e manutenção até novo aviso”?

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