“Não fales com estranhos!”
A maior parte dos adultos alerta as crianças para terem cuidado com as abordagens por parte de estranhos, seja tentar meter conversa, oferecer um doce ou dar uma boleia. Quando, em boa verdade, quem mais maltrata as crianças são as pessoas conhecidas, muitas vezes dentro da própria casa onde todos vivem.
Alertar as crianças para os perigos associados aos estranhos é importante, naturalmente, tendo em conta que estas situações são relativamente pouco frequentes mas, ainda assim, existem. Não podemos é esquecer-nos de que, nos tempos que correm, as abordagens por parte de pessoas desconhecidas é, sobretudo, feita através das tecnologias. Assim, é necessário informar e educar as crianças para uma utilização segura da internet.
Em paralelo - e é disso que muitas vezes nos esquecemos -, devemos ajudar as crianças a compreender que também as pessoas conhecidas, simpáticas e agradáveis podem manter comportamentos desajustados. Com isto não se pretende, de todo, transmitir às crianças a ideia de que não podem confiar em ninguém - pois isto geraria um aumento de ansiedade e uma desconfiança básica que em nada contribui para um processo de crescimento saudável. Pelo contrário, pretende-se ajudar as crianças a saber que, mesmo que os comportamentos desadequados (maltratantes ou abusivos) venham da parte de pessoas de quem gostam e em quem confiam, têm o direito a ser protegidas e devem pedir ajuda.
Neste processo de pedir ajuda é fundamental que as crianças identifiquem mais do que uma pessoa de confiança - idealmente, cinco adultos a quem possam recorrer em caso de necessidade. E porquê cinco? Porque devemos antecipar a possibilidade de alguém não acreditar naquilo que lhe é relatado, desvalorizar a situação ou mesmo culpabilizar a criança, o que equivale a dizer que esta não será devidamente protegida.
Neste contexto, aumentar a segurança das crianças significa que as devemos informar sobre os diversos tipos de situações de risco que podem vivenciar, seja por parte de estranhos ou de conhecidos, como devem reagir e, acima de tudo, a quem devem pedir ajuda.