Israel. Os charutos e o champagne de Bibi

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Dúvido que Benjamin Netanyahu (Bibi), primeiro-ministro de Israel, devido a problemas de saúde, na passagem do ano, tenha conseguido fumar um bom charuto Cohiba Behine, dos que uma caixa de dez custa 1.100 dólares, ou bebido uma taça de bom champagne, daquele em que uma garrafa pode custar centenas de dólares.

Citando a jornalista israelita Alexis Bloom, charutos e champagne são apenas dois casos de prendas que a Justiça acusou  Bibi de ter recebido de amigos e conhecidos, o que o levou à barra do tribunal com acusações de alegada corrupção pelo Procurador de Justiça israelita.

No trabalho de investigação “ The Bibi files”, Alexis Bloom traz, ainda, a lume, outros casos bem mais graves  em que Bibi estará, alegadamente, envolvido. 

Segundo Alexis Bloom, Arnon Milchan é um produtor cinematográfico de Hollywood, um riquíssimo tycoon, com quadros de Gaugin e Picasso pendurados na paredes da sua casa. 

Suspeito de ser negociante de armas, Arnon é um dos mais próximos amigos de Bibi que, para além de charutos e champagne, terá oferecido a Sara, mulher de Bibi, uma bracelete no valor de 42 mil dólares. Essa oferta, sempre negada por Sara, terá sido mencionada num interrogatório da polícia israelita pela assistente de Arnon, Hadas Klein, que confirmou a entrega da joia.

Benjamin Netanyahu, depois de ter sido embaixador em Beirute, assumiu a liderança do Likud em Maio de 1996 e tornou-se, com grande sucesso, primeiro-ministro de Israel. Contudo, os casos com a Justiça israelita nunca o abandonaram e a polícia, durante anos, interrogou, por diversas vezes, amigos, membros do seu staf como o seu antigo conselheiro de imprensa, Nir Hefetz, e até mesmo familares como a sua mulher Sara e o seu filho Yair Netanyahu.

Ainda de acordo com Alexis Bloom, um outro caso de Justiça de significativa importância que atinge Bibi é o que envolve o empresário de telecomunicações, Shaul Elovich, introdutor em Israel dos telefones Nokia. A empresa de Elovich terá falido o que levou o empresário a contrair dívidas avultadas junto da Banca israelita. Com uma necessidade absoluta de recapitalizar a sua empresa, Shaul terá desenvolvido  contactos junto de Bibi no sentido de obter um novo empréstimo da Banca israelita no valor de 200 milhões de dólares. Os contactos sempre foram negados por Bibi, mas o seu antigo conselheiro de imprensa, Nir Hefetz, em declarações á Policia israelita, confirmou a assinatura de um documento que facilitava o empréstimo a Shaul Elovich.

Apesar de sempre pressionado pela Justiça israelita Bibi venceu, confortavelmente, as eleições em Março de 2015. 

A popularidade que então gozava em Israel levou-o, contudo, a assumir atitudes consideradas ditatoriais. A oposição israelita assinalou, de imediato, os seus toques de arrogância. Nimrod Novik, conselheiro de Shimon Peres, disse que a Bibi se pode aplicar a velha máxima francesa "L` Etat c´est moi”.

O excesso de confiança política levou Bibi, mais recentemente, a desencadear um ataque profundo ao sistema de Justiça israelita, com o controlo do Supremo Tribunal. Tentou substituir o Procurador e retirar poder aos juízes. Mas este seu ensaio de “reforma” da Justiça esbarrou na forte reacção de uma muita significatva parte da população israelita que, durante 39 semanas, protestou nas ruas contra as alterações que Bibi pretendia fazer na sistema judicial israelita e que iam no sentido de um total controlo político da máquina judicial.

Benjamin Netanyahu tem vindo, actualmente, a desencadear uma guerra violenta, assassina e fracticida contra os Palestianos, em Gaza e no West Bank. Como justificação usou o massacre que o Hamas fez na festival de música de Re´im, a 7 de Outubro de 2023, em que 364 pessoas foram assassinadas, muitas outras ficaram feridas e foram feitos reféns israelitas. 

Cinco anos após a indiciação por alegada corrupção, o julgamento de Bibi continua por finalizar. O primeiro-ministro israelita tem, sistematicamente, provocado o adiamento do seu julgamento, usando como instrumento jurídico a questão da guerra. 

Desde 7 de Outubro de 2023 foram mortos 41 mil palestinianos, 1500 israelitas, 101 reféns continuam em Gaza e 35 foram já declarados mortos. 

Por agora, não sabemos até quando Bibi vai continuar a beber champagne e a fumar charutos!

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