Investir em Portugal continua a ser bom negócio

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Muito se tem discutido se o investimento estrangeiro em imobiliário em Portugal é estrutural ou apenas resultado de Portugal estar na moda, e por isso efémero e passageiro. Muitos portugueses, seja por convicção ou porque se sentem prejudicados pela valorização imobiliária, acreditam que estamos já no pico deste investimento e que a valorização deverá ficar por aqui. Na minha visão, esta é uma tendência estrutural e que veio para ficar! 

Para analisar este tema, devemos pensar no que origina este investimento, ou seja, porque estamos a ter um fluxo tão grande de estrangeiros investidores em Portugal. Por base está obviamente aquilo que Portugal oferece: clima ameno, tranquilidade social, segurança, estabilidade económica / cambial, custo de vida baixo comparado com outros países europeus e proximidade às principais capitais europeias, seja esta proximidade medida em tempo ou em custo. Um exemplo claro é o crescimento de clientes americanos, muitos vindos da Califórnia, e que procuram um estilo de vida comparável com o que têm, mas sem as tensões sociais, insegurança e com um custo de vida bastante mais reduzido, em especial na saúde e todo o tipo de serviços. 

É verdade que muitos destes argumentos não são novos, mas obviamente a aceleração da globalização, existência de voos diretos e económicos, o trabalho remoto, são tudo tendências que facilitam a aceleração deste investimento estrangeiro e que, na minha visão, são elementos estruturais de um mundo pós-Covid. 

O fim do regime de Residentes Não Habituais (RNH) pode desacelerar um pouco esta migração de estrangeiros com elevado poder de compra, já que Portugal compete com outros mercados com condições fiscais mais vantajosas para captação de investimento estrangeiro. Contudo, a tendência mantém-se, e o aumento dos preços do imobiliário já em 2024 (aproximadamente +5%) são reflexo disso.  

Um argumento muito utilizado por quem já acredita que chegámos ao pico de valorização é o do que Portugal já atingiu um limite de valorização possível, pois os preços de Lisboa estão já muito em linha com algumas das principais cidades europeias comparáveis, como por exemploMadrid, Milão, entre outras. É verdade que os preços do imobiliário na zona de Lisboa e Cascais cresceram acima de outras cidades europeias, no pós-Covid e que hoje em dia estão já mais próximos dos de cidades como Madrid, mas os racionais de valorização são diferentes para Lisboa e outras cidades europeias. A atratividade de Lisboa, e mesmo Porto, está baseada na proximidade à praia, clima ameno, tranquilidade e segurança, que as restantes cidades europeias não oferecem. Estes fatores, aliados a uma falta de oferta crónica no segmento “premium”, tornam Portugal um mercado muito particular e pouco comparável com outras cidades europeias, e explicam a valorização mais acentuada que teve nos últimos anos. 

Neste sentido, continuo a acreditar que investir em imobiliário em Portugal continua a ser uma decisão financeira racional, seja no curto ou longo-prazo, pois reflete um pensamento estratégico alicerçado em vantagens competitivas estruturais que Portugal apresenta. Isto não invalida que os investimentos tenham de ser bem analisados. É importante perceber se estamos a investir em produtos com potencial de valorização elevado. Tal como em qualquer outro investimento financeiro, é essencial fazer uma análise cuidada do produto, pois mesmo num mercado em valorização irão existir produtos que terão um comportamento abaixo do mercado. 

Em resumo, e para quem ainda se questiona se investir em Portugal é um bom negócio, a resposta é sim. Nunca o deixou de ser. 

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