A euforia bolsista espoletada pela Inteligência Artificial (IA) é, para alguns, uma reprise da bolha das dotcom nos anos 90, que terminou com perdas avultadas e muitas falências. Mas, apesar destes e doutros receios, como o risco de usos antiéticos, a IA não vai retrosseguir e está já a revolucionar a forma como as empresas operam e competem entre si.A adoção da IA pelas empresas tem sido gradual mas inexorável, com esta tecnologia a tornar-se crítica para o sucesso de operações e processos. Contudo, a Europa avança a passo de paquiderme na incorporação da IA no tecido empresarial, ao contrário do que sucede nos EUA e nas potências asiáticas. Portugal não destoa dos vagares europeus, o que é explicado, em grande medida, pela debilidade das infraestruturas, o predomínio das microempresas e a falta de competências digitais.No âmbito da presidência portuguesa do D9+, vai realizar-se em Lisboa, nos dias 16 e 17, a próxima reunião ministerial desta aliança informal dos Estados-membros da UE na vanguarda tecnológica. Portugal tem, pois, uma excelente oportunidade para incentivar o desenvolvimento da IA na Europa e, por consequência, no seu próprio tecido empresarial. Assim considera a CIP, que irá, em paralelo, organizar o B9+ European Digital Summit, um encontro de empresas, especialistas e decisores à volta dos desafios digitais da UE. A ocasião servirá também para o lançamento do movimento AI Nation Portugal, plataforma colaborativa que a confederação criou para reforçar a competitividade digital do país.A Europa precisa de afirmar a sua soberania tecnológica e tornar-se mais competitiva na economia digital. Para isso, é indispensável que surjam empresas europeias de referência no domínio das tecnologias emergentes. Com esse propósito, a UE terá de criar um ecossistema empresarial mais ágil, competitivo e favorável ao investimento em inovação. Isto implica avançar no sentido da simplificação regulatória, para que, sem sacrificar as questões éticas, se desbloqueie o desenvolvimento e implementação da IA na Europa.O atraso na IA exige mobilização massiva de investimento público e privado. É necessário um financiamento em larga escala e com regras simplificadoras para escalar startups, reter talento, apoiar cadeias industriais, criar mercados de dados, reforçar a capacidade de computação, acelerar a produção de semicondutores, alavancar o mercado de capitais, investir no reskilling e upskilling e reforçar as infraestruturas energéticas. A Europa não tem de replicar a estratégia norte-americana, mas sim preencher nichos e lacunas nos setores emergentes, tirando partido da sua consciência ética, da força do seu mercado interno e da qualidade da sua Academia.