Com o início do inverno, os casos de doenças respiratórias aumentam consideravelmente, afetando crianças, adultos e idosos. E porque é que isso acontece? Desde logo, o frio reduz a eficiência dos mecanismos de defesa das vias respiratórias, facilitando a entrada de microrganismos. Aliada à maior permanência em ambientes fechados e à circulação de vírus, estão criadas as condições para a maior frequência e, também, para o possível agravamento de doenças respiratórias crónicas já existentes.Outros fatores contribuem para aumentar o risco, como a baixa humidade do ar – que fica mais seco e resseca as mucosas respiratórias, tornando-as mais vulneráveis a infeções – e a poluição atmosférica, que tende a concentrar-se, no inverno, agravando problemas como a asma e a bronquite.As doenças respiratórias mais frequentes neste período são as causadas por vírus, como as gripes, altamente contagiosas e que se manifestam com sintomas como a febre, a congestão nasal, a dor de garganta e o cansaço. Outras infeções frequentes são a pneumonia – uma infeção mais grave, que afeta os pulmões e cujos sintomas incluem febre alta, tosse com catarro e dificuldade em respirar – e a sinusite, com a inflamação dos seios da face, dor facial, congestão nasal e sensação de peso na cabeça.A bronquite aguda, em que se regista a inflamação dos brônquios, marcada por tosse persistente e produção de muco, também ocorre com frequência e, no caso dos doentes que têm essa inflamação de forma crónica, pode ser agudizada por motivos infecciosos ou ambientais. Outras doenças crónicas, como a asma e a DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, enfrentam maior risco de exacerbação durante o inverno, com agravamento da tosse, aumento de secreções e falta de ar.Embora muitas doenças respiratórias possam ser tratadas em casa, algumas situações exigem atenção médica imediata, como sejam a febre alta persistente, que não melhora após 48 horas ou está associada a calafrios intensos; a falta de ar, com dificuldade em respirar ou sensação de aperto no peito deve ser avaliada; a tosse persistente ou com sangue: pode ser um sinal de infeção grave ou outra condição que exige investigação; a confusão mental ou sonolência excessiva, especialmente em idosos ou pessoas com outras doenças crónicas; ou o agravamento dos sintomas em pessoas com doenças crónicas, como a asma, DPOC ou insuficiência cardíaca - e que devem procurar ajuda ao perceber o agravamento dos sintomas habituais.É importante, por tudo isto, adotar uma atitude preventiva, de forma a prevenir doenças respiratórias no inverno, e algumas medidas simples podem reduzir o risco de adoecer durante os meses mais frios. Recomenda-se, por exemplo, a vacina contra a gripe, que deve ser tomada anualmente, e a vacina contra a pneumonia, que é recomendada para grupos de risco, como idosos. A ter em conta, ainda, a higiene das mãos com frequência, porque reduz a propagação de vírus; a ventilação de ambientes, porque mesmo no frio, é importante arejar a casa e evitar a acumulação de poluentes; a hidratação e uma alimentação saudável, uma vez que consumir líquidos e alimentos ricos em vitaminas fortalece o sistema imunológico. Finalmente, devemos evitar o tabagismo, porque além de prejudicar os pulmões, o cigarro agrava doenças respiratórias pré-existentes.Como mensagem final, o inverno é uma época em que os cuidados com a saúde respiratória precisam de ser redobrados. Reconhecer os sintomas, adotar medidas preventivas e saber quando procurar ajuda médica são fundamentais para evitar complicações graves.Caso tenha dúvidas ou sintomas persistentes, procure um médico de confiança. A saúde deve ser a prioridade.Pneumologista no Hospital CUF Coimbra, Professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra