Agir para travar o genocídio e a guerra

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“O que posso fazer? Não sei como ajudar.”

Estas frases têm por trás a consciência de uma pessoa horrorizada com o genocídio em Gaza, que se angustia com imagens de mães que enterram filhos que morreram de fome antes de aprenderem a falar ou de crianças assassinadas a tiro em pontos de recolha de alimentos. Alguém que se revolta com os pretextos usados para justificar a chacina e com a cumplicidade dos governos e da União Europeia. Alguém que usa os meios ao seu alcance para denunciar a barbárie e despertar outras consciências mas sente que isso não é suficiente para pôr fim ao horror do extermínio que soma já quase 100.000 pessoas mortas à bomba, a tiro, à fome, à sede, de doença provocada intencionalmente para ser fatal.

Israel insiste em justificar a chacina em Gaza com o sequestro de reféns pelo Hamas. Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, onde não há reféns do Hamas, Israel arrasa infraestruturas civis de campos de refugiados e dá todo o gás à política de ocupação e de colonatos ilegais, de expulsão e destruição de casas, de violência sobre os palestinianos, incluindo assassinatos indiscriminados, de invasão de locais de culto religioso, de todo o tipo de acções que tornem insustentável a vida dos palestinianos.

A ONU e outras organizações internacionais ou de defesa dos direitos humanos (incluindo organizações israelitas) dizem estarmos perante genocídio ou limpeza étnica.

Trata-se efectivamente de uma política de eliminação física ou expulsão de um povo do seu território destinada a abrir a porta a quem reclama a sua ocupação, neste caso a pretexto de um direito divino. Mas é mais do que isso.

Trata-se também de enviar uma mensagem ao resto do mundo sobre a “nova ordem mundial baseada em regras” e o poder por detrás dela. Trata-se de mostrar que essa “nova ordem mundial baseada em regras” será imposta por quem tem a força militar para determinar as regras e não se importa de recorrer à fome como arma de guerra ou ao genocídio.

O sionismo israelita é um instrumento para a imposição dessa “nova ordem mundial baseada em regras”. Por isso leva por diante a sua política genocida com o apoio e cumplicidade dos EUA, da União Europeia, do Reino Unido. Por isso os EUA sancionam a relatora da ONU que denuncia essa política.

A luta por um futuro que livre a Humanidade desses planos sombrios trava-se na denúncia do genocídio em Gaza, na exigência do cessar-fogo imediato e permanente e do acesso a ajuda humanitária, na reivindicação do respeito pelas resoluções da ONU e pelos direitos do povo palestiniano.

A acção solidária com o povo palestiniano, a pressão política para inverter a posição subserviente e cúmplice do governo português ou a reivindicação do respeito pelos princípios do direito internacional e pela Carta das Nações Unidas são um contributo relevante que cada um pode dar. Não apenas para libertar a sua consciência do peso da cumplicidade com o genocídio mas para construir um mundo livre da barbárie da guerra e da opressão.

Dia 7 de Agosto há acção solidária no Rossio, em Lisboa, entre as 10h00 e as 20h00.

Eurodeputado

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