Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia e da União Africana reúnem-se em Kigali para a primeira reunião ministerial UA-UE desde o início da pandemia de covid-19. Esta reunião é de particular importância, servindo de palco para a preparação da próxima 6.ª Cimeira UA-UE..Ambos os eventos demonstram a relevância da parceria UE-África como um aspeto central das nossas políticas externas. Não é apenas a geografia que torna a Europa e a África aliadas naturais. Ambos os continentes compartilham também um profundo apego aos princípios do multilateralismo, da cooperação internacional e de uma ordem internacional baseada em regras. O nosso futuro político, económico e social encontra-se profundamente interligado..A pandemia voltou a recordar-nos a necessidade de trabalharmos em conjunto em prol da construção do nosso futuro comum. Para tal, temos de ter em conta o crescente papel do continente africano nas vertentes política, económica e de segurança, do qual decorre uma responsabilidade acrescida de promover um crescimento económico inclusivo e sustentável que assegure perspetivas para a sua jovem população. Este objetivo passa por investir nas pessoas - na educação de qualidade, no desenvolvimento de competências e no acesso a um trabalho digno. Uma atenção particular deverá ser atribuída ao investimento na educação, na saúde e nas oportunidades económicas das mulheres e raparigas, fundamentais para potenciar o capital humano do continente..Ambos os continentes beneficiam de uma ordem global baseada em regras e da integração regional. Beneficiam, igualmente, da transformação digital e compreendem bem a importância de a tornar resistente aos ataques cibernéticos e de a centrar no ser humano..Com o seu enorme potencial em energias renováveis e a sua abundante biodiversidade, contamos com África como parceiro fundamental na senda de um mundo mais sustentável, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e da Agenda 2063 da União Africana. A transição verde não deve constituir um obstáculo, mas sim a pedra angular de um crescimento económico mais sustentável e limpo, que promova a conectividade e a criação de novas e melhores oportunidades de emprego para os jovens africanos e europeus. Simultaneamente, deve responder aos importantes desafios globais das alterações climáticas e da escassez de recursos naturais, em particular da água..Estamos plenamente cientes de que outros atores perceberam, e bem, a considerável importância económica e geoestratégica do continente africano, sendo que a Europa continua a ser, de longe, o principal parceiro comercial de África, o seu maior investidor e seu aliado mais próximo na prossecução da paz e da segurança. Devemos reforçar esta parceria e aprofundar a nossa cooperação num espírito de ainda maior igualdade, solidariedade e respeito mútuo..A reunião de hoje dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Africana e da União Europeia abordará todas estas questões, tal como irá fazê-lo a próxima Cimeira UA-UE. Será uma oportunidade de reconfirmar o caminho trilhado até aqui e de enfrentar os desafios e as oportunidades que temos pela frente..As três presidências consecutivas do Conselho da União Europeia, da Alemanha, de Portugal e da Eslovénia, bem como a próxima, da França, têm apoiado fortemente a visão de uma parceria política renovada e mutuamente reforçada entre África e a Europa, que atribua novas funções a ambas as partes..Tendo por referência próxima a proposta da Comissão Europeia para uma "Estratégia Abrangente com África", num esforço concertado como "Equipa Europa", a UE e os seus Estados membros empenharam-se na expansão de um mecanismo global para a distribuição justa de vacinas, testes e tratamentos à covid-19, e no reforço dos sistemas de saúde africanos através do apoio às suas capacidades na produção de vacinas..Aprovámos também um novo conjunto de instrumentos ambiciosos, como o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz e o Instrumento de Vizinhança, Desenvolvimento e Cooperação Internacional - Europa Global, proporcionando à UE um conjunto de ferramentas mais flexível e alargado para trabalhar lado a lado com os seus parceiros africanos nas áreas da paz, da segurança, da boa governação, dos desafios globais e do desenvolvimento sustentável..Além disso, ao longo do último ano e meio levámos a cabo várias iniciativas relacionadas com o alívio da dívida e a promoção de investimentos e financiamento para aquele continente, seja através do Pacto do G20 com África, do Fórum de Alto Nível UE-África sobre Investimento Verde, coorganizado por Portugal e pelo Banco Europeu de Investimento em abril, ou a Cimeira sobre o Financiamento das Economias Africanas, organizada pela França em maio. Através destas iniciativas procurámos também criar alicerces para a próxima cimeira, que deverão respaldar os esforços da parceria UE-África no sentido de estimular uma recuperação pós-covid verdadeiramente sustentável. O apoio à implementação gradual da Área de Livre Comércio Continental da União Africana será outro importante marco nesse sentido..À medida que se aproxima a 6.ª Cimeira UA-UE, é tempo de apresentar uma agenda comum profunda e substantiva. Da mesma forma, a cimeira constituirá também uma oportunidade para explorar as sinergias e ligações ao novo e ambicioso quadro de cooperação com os Estados de África, Caraíbas e Pacífico, preconizado no Acordo Pós-Cotonou..Estamos não apenas unidos por interesses estratégicos comuns, mas também pela visão de uma parceria que beneficia as pessoas nos dois continentes. A pandemia mostrou quão intimamente os nossos destinos estão interligados. Fazer uso desta experiência cria uma oportunidade incomparável - para África e para a Europa..Ministros dos Negócios Estrangeiros de Eslovénia, Alemanha, Portugal e França