Opinião. A nova era da Amazon

No ano passado a Amazon faturou cerca de 1,2 mil milhões de dólares em publicidade e este ano esse número será exponencialmente maior
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Se perguntarem qual é o suporte de publicidade digital internacional que este ano tem crescido de forma mais relevante, a resposta é... a Amazon. A coisa tem sido de tal forma que Google e Facebook começam a sentir uma ameaça vinda da Amazon. No ano passado a Amazon faturou cerca de 1,2 mil milhões de dólares em publicidade e este ano esse número será exponencialmente maior - a grande vantagem da Amazon está na sua gigantesca base de dados e na diversidade da recolha de dados.

A Amazon já deixou há muito de vender apenas livros, discos ou DVD. Hoje, nos seus sites, vende de tudo e, não contente com isso, abriu lojas de rua. Mais ainda, com a compra anunciada da cadeia Whole Foods, a Amazon posiciona-se para entrar no mercado das compras diárias de produtos de consumo corrente de um número enorme de pessoas - a Amazon já tinha em algumas cidades o serviço Amazon Fresh, que garante entregas rápidas de produtos frescos.

Nos Estados Unidos, com a compra da Whole Foods, vai ter 460 pontos de venda, que podem também ser pontos de recolha de encomendas. Nas suas lojas está a introduzir o Amazon Go - que permite tirar um produto da prateleira e partir sem passar por filas nas caixas - em troca de uns tantos dados pessoais. Se somarmos a tudo isto os dispositivos Echo, e sobretudo o novo Alexa, um assistente doméstico que permite fazer encomendas de todo o tipo de produtos, dizer que música se quer ouvir ou filme que se quer ver, temos um ecossistema que ultrapassa a venda de conteúdos e entra no domínio das compras quotidianas do dia-a-dia, em qualquer lugar.

No mundo Amazon cada compra de um consumidor é registada, cada comprador é conhecido e, talvez ainda mais importante, as próximas compras são sugeridas com base no que as pessoas buscam no site da empresa. Desde o início, Jeff Bezos, o fundador da Amazon, acredita que toda a informação deve ser coligida, organizada, analisada e utilizada e a enorme evolução nos sistemas de inteligência artificial proporciona hoje uma utilização desses dados de forma mais eficaz. Já repararam que, se entrarem nos sites da Amazon, veem referências publicitárias de produtos?

O que a Amazon está a vender aos anunciantes é a capacidade de segmentar a sua comunicação de forma a tocar as pessoas que têm de facto interesse no produto em causa. Não foi por acaso que Bezos comprou o Washington Post - este jornal, um dos mais prestigiados dos Estados Unidos, está a ser simultaneamente uma escola do que é a media para a Amazon e também um campo de experiências para fazer a informação chegar de forma completamente diferente aos leitores. A Amazon ainda vai dar muito que falar - na realidade está no começo da sua nova era.

Diretor-geral da Nova Expressão, Planeamento de Media e Publicidade

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