A Netflix vai terminar o ano com um investimento global de seis mil milhões de dólares em programação original, um nível sem precedentes para um serviço de streaming. E para 2017, esse orçamento será aumentado. Foi o que avançou Ted Sarandos, diretor de conteúdos da empresa, durante o evento do Netflix na tour de verão da TCA – Television Critics Association, em Los Angeles..Sarandos prometeu números mais precisos “lá para o final do ano”, mas foi revelando as novas produções em que a empresa já está a trabalhar e deu datas de estreia para várias séries – desde a produção animada com músicas dos Beatles “Beat Bugs” a 3 de agosto, ao regresso de “Gilmore Girls” a 25 de novembro. O talk show de Chelsea Handler também foi renovado e a empresa assinou acordos de distribuição global para a nova série “Star Trek” da CBS e para “American Crime Story” da 20th Century Fox..Mas um dos momentos mais interessantes do evento foi logo no arranque, quando Sarandos falou das audiências..“É o crescimento do número de assinantes, não as audiências, que impulsiona as nossas receitas”, frisou o responsável. Isto depois de duas empresas que medem audiências, Nielsen e Symphony, terem anunciado que conseguiram medir a popularidade dos programas transmitidos no serviço de streaming. O problema, segundo Sarandos, é que os números não batem certo. A Nielsen reportou 6,7 milhões de espectadores na estreia da quarta temporada de Orange is the New Black. A Symphony 7,1 milhões. Há outras discrepâncias, mas qual o número correto? “Qualquer um é muito bom”, ironizou o responsável..“As audiências são uma peça fundamental do puzzle para as cadeias de televisão. Mas nós estaremos bem desde que continuemos a atrair mais utilizadores”, indicou. “Se oferecermos programação que os espectadores adoram, eles vão dizer aos amigos e ganharemos assinantes”, vaticinou. "O desempenho desta série ou daquela, que é o foco das empresas de medição de audiências, não tem qualquer relevância para nós.”.No entanto, o Netflix sofreu uma quebra no crescimento no segundo trimestre do ano. Em vez de adicionar 2,5 milhões de assinantes à sua base, conseguiu apenas 1,7 milhões – 160 mil nos Estados Unidos e 1,5 milhões no resto do mundo. Sarandos justificou com a subida do preço da assinatura mensal, que se deveu em parte ao incremento do orçamento para programação original – incluindo lançar duas temporadas de uma série no mesmo ano, como é o caso de "The Ranch" e "Beat Bugs.".“Crescemos muito mais que o prevíamos no primeiro trimestre e mais lentamente no segundo”, admitiu Sarandos. Foi no início do ano que a Netflix se expandiu para mais 130 territórios, e a performance de mercados novos é sempre algo “imprevisível”, indicou. O serviço tem agora 83 milhões de assinantes.