Resposta dos democratas surge pela voz de um sobrinho-neto de Kennedy
Congressista do Massachusetts desde 2013, Joe Kennedy convidou sargento transgénero para assistir ao discurso
A primeira resposta oficial a um discurso do estado da União surgiu em 1966, quando o líder da minoria republicana no Senado, Everett Dirksen, se juntou ao líder da minoria na Câmara dos Representantes, Gerald Ford, para contrapor ao presidente Lyndon Johnson. A resposta passou na televisão, cinco dias depois. Hoje, a resposta é quase imediata e, se lhe juntarmos a necessidade de apelar ao bipartidarismo, mas sem deixar de criticar as políticas do chefe do Estado - tudo diante de uma audiência bem menor do que a dele -, percebe-se a tarefa gigante que hoje espera o democrata Joe Kennedy III.
Carregando o peso do apelido - é neto de Robert Kennedy, o procurador-geral assassinado em 1968 na corrida às presidenciais, e sobrinho-neto do ex-presidente John Kennedy, morto em 1963, e do senador Ted Kennedy, falecido em 2009 - o congressista do Massachusetts vai tentar "evitar a maldição" de quem responde ao presidente. Como a descrevia o site Politico.
Maldição porque o partido na oposição costuma escolher a sua estrela em ascensão para responder ao estado da União. Mas se uma Nikki Haley, que em 2016 falou depois de Barack Obama, hoje até é embaixadora dos EUA na ONU, ou se Marco Rubio recuperou da boca seca em 2013 para ser um sério candidato à nomeação republicana em 2016, muitos outros foram uma desilusão. Foi o caso de Bobby Jindal. Em 2009, o então governador da Louisiana foi escolhido pelo Partido Republicano para responder ao primeiro discurso de Obama diante das duas câmaras do Congresso. Apresentado como a grande esperança para as presidenciais de 2016, mas acabou por suspender a campanha logo no início.
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Formado em Stanford, com um mestrado em Direito em Harvard, Joe Kennedy é, aos 37 anos, um valor em ascensão nos democratas. Fluente em espanhol, que aprendeu na República Dominicana, onde serviu no Peace Corps, desde 2013 que representa o 4.º distrito do Massachusetts na Câmara dos Representantes. Discreto nos primeiros anos, desde a posse de Donald Trump que Kennedy se tornou num dos congressistas mais críticos do presidente, defendendo a herança de Obama na saúde e atacando o facto de o presidente ter defendido os fundamentalistas brancos após uma marcha que acabou em violência em Charlottesville, na Virgínia, no ano passado.
Representante de uma família de verdadeiros mestres da retórica, de Joe Kennedy não só se espera que defenda os direitos dos imigrantes, das mulheres e de outras minorias, como precisa de apelar à classe média branca. Essa mesma que deu a vitória a Trump em 2016.
Para já sabe-se o The Boston Globe noticiou que a sargento Patricia King. Militar há 19 anos, esta mudou de sexo já dentro das forças armadas. Hoje é um dos rostos que se opõe à decisão de Trump de banir os transexuais das forças armadas americanas, anunciada em julho mas travada pelos tribunais.