Um professor foi detido pela polícia moçambicana, indiciado pelo crime de discriminação, por ter forçado seis alunos muçulmanos a quebrar o jejum durante o Ramadão, disse hoje à Lusa fonte policial..O docente, que leciona a disciplina de Química no distrito de Pebane, província da Zambézia, no centro do país, forçou os alunos a beber água na sala de aula durante o jejum do Ramadão, em junho, para os punir por não terem feito os trabalhos de casa, disse Miguel Caetano, porta-voz da Policia da Zambézia..Após o incidente, os alunos apresentaram a situação aos encarregados de educação, que juntamente com o conselho ministerial da comunidade islâmica apresentaram uma queixa às autoridades distritais..As investigações terminaram com a detenção do professor, prosseguiu Miguel Caetano.."O professor foi detido por crime de discriminação" precisou o porta-voz, considerando que, num Estado laico, o docente violou as liberdades de escolha, ao discriminar os alunos com base na religião..Reagindo ao incidente, o presidente da comunidade muçulmana na Zambézia, Inusso Ismail, explicou os passos dados: após a denúncia, formou-se uma equipa que procedeu às averiguações e, na sequência, à queixa..Abdul Satar, presidente do conselho dos Teólogos Islâmicos da Zambézia (Cotiza), que liderou a equipa, disse à Lusa que a atitude do professor mostrou "desrespeito" pela sensibilidade religiosa e falta de ética educacional e ausência de conhecimento antropológico.."Para nós foi uma mágoa maior, foi um desrespeito face àquilo que são os princípios islâmicos" declarou Abdul Satar, acrescentando que apesar de ser um caso isolado, a quebra forçada de jejum "foi o cúmulo da violação das liberdades de escolha e práticas plasmadas na Constituição da República de Moçambique"..Abdul Satar referiu que este foi o primeiro caso expressivo na Zambézia, adiantando que a comunidade islâmica ainda trava uma luta com as interdições nas escolas moçambicanas de uso de burcas, apesar da legislação no país.