Ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia diz que "havia uma campanha" de Trump para a afastar
A Câmara dos Representantes ouve esta sexta-feira o depoimento da ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, no âmbito do processo de destituição instaurado ao presidente dos EUA, Donald Trump.
Marie Yovanovitch foi retirada da embaixada dos EUA em Kiev em maio e foi descrita por Donald Trump como sendo sinónimo de sarilhos. A diplomata destacada na Ucrânia viu a sua comissão de serviço ser interrompida a meio por ordem presidencial. Aliados do presidente acusaram-na de deslealdade.
De acordo com a Fox News, a diplomata está reunida com os representantes das Comissões envolvidas na investigação de impeachment para uma "entrevista transcrita".
Na sua declaração inicial, a que o The Washington Post e o The New York Times tiveram acesso, Yovanovitch referiu que lhe foi dito que Trump exerceu pressão para que fosse afastada da embaixada dos EUA em Kiev. Havia "uma campanha concertada contra mim", disse.
"Encontrei-me com o secretário de Estado Adjunto, que me informou sobre o fim do meu mandato. Ele disse que o presidente tinha perdido a confiança em mim", relatou a ex-embaixadora referindo-se a John J. Sullivan.
Curiosamente, pouco depois de Yovanovitch mencionar o nome do secretário de Estado Ajunto, o presidente dos EUA anuncia a nomeação de Sullivan para ser o novo embaixador norte-americano na Rússia.
A Casa Branca enviou esta semana uma carta para o Congresso, dizendo que se recusa a colaborar e que impedirá os seus funcionários a colaborar no inquérito de destituição de Trump.
Existia a dúvida sobre se Marie Yovanovitch iria depor na comissão de inquérito já que ainda é funcionária da administração Trump.
De acordo com a imprensa norte-americana, Yovanovitch viu a sua comissão de serviço em Kiev chegar ao fim antes do tempo devido às denúncias feitas pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, de que estaria a obstruir os seus esforços para convencer Ucrânia a investigar Joe Biden.
Aliás, a chamada telefónica entre o presidente dos EUA e o seu homólogo ucraniano desencadeou o processo de impeachment, anunciado por Nancy Pelosi, a democrata que preside à Câmara dos Representantes. No telefonema, Donald Trump pede a Volodymyr Zelenski para que a Ucrânia investigue as atividades do ex-vice-presidente norte-americano, Joe Biden, o principal candidato à nomeação democrata para as presidenciais de 2020.
Na segunda-feira, 7 de outubro, um juiz federal rejeitou o pedido do presidente norte-americano para bloquear um requerimento do procurador distrital de Manhattan para que fossem apresentados oito anos das suas declarações fiscais. Os advogados de Donald Trump recorreram.
Mas esta sexta-feira um tribunal de apelação no distrito de Columbia confirmou a decisão de primeira instância, ou seja, o presidente tem de entregar as suas declarações fiscais. O único juiz que votou contra foi indicado por Trump. Os outros dois juízes foram indicados por Bill Clinton e Barack Obama.
Com Reuters.