Um vereador opositor venezuelano, que estava detido desde a semana passada pelo alegado envolvimento no ataque com drones contra o presidente Nicolás Maduro, morreu quando estava sob custódia policial numa das sedes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Autoridades falam em suicídio, mas oposição assegura que foi morto pelo regime..Fernando Albán, de 56 anos, era vereador do Primeiro Justiça no município de Vereador, na área metropolitana de Caracas..O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse à televisão estatal VTV que Albán "pediu para ir à casa de banho e, uma vez lá, atirou-se do décimo andar" da sede dos serviços e informação". E anunciou uma "investigação completa"..Já o ministro do Interior, Néstor Reverol, escreveu no Twitter que ele se "lançou por uma janela das instalações caindo no vazio, ocasionando a sua morte", quando "ia ser transferido para o tribunal, encontrando-se na sala de espera do Sebin"..Indicou também que Albán estava preso desde 5 de outubro "pela investigação do magnicídio frustrado [ataque com drones durante discurso de Maduro no princípio de agosto] e por estar envolvido em atos desestabilizadores dirigidos desde o estrangeiro, dos quais, existem provas suficientes"..Oposição rejeita tese de suicídio.O partido de Albán denunciou contudo, numa série de mensagens no Twitter, que ele "morreu assassinado às mãos do regime de Nicolás Maduro", responsabilizando o presidente e o seu "regime torturador". Em relação à versão oficial, escreveram que "os companheiros de luta e amigos de Fernando Albán sabem que era um homem forte e de profundos valores cristãos", exigindo que seja conhecida a verdade..Na segunda-feira à noite, dezenas de pessoas participaram numa vigília com velas em frente à sede do Sebin enquanto gritavam, sob a vigilância de polícias que os cercavam: "não é um suicídio é um homicídio"..A oposição e grupos de direitos humanos dizem que o governo de Maduro mantém centenas de presos políticos com base em falsas acusações, para calar a dissidência. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou, no passado, "o uso generalizado e sistemático de força excessiva e prisões arbitrárias"..O advogado de Albán, Joel Garcia, disse aos jornalistas que a última vez que o viu foi no domingo e que ele não tinha sido agredido, estava bem. O vereador contou-lhe que tinha sido interrogado, mas não torturado..As autoridades detiveram pelo menos 30 pessoas alegadamente ligadas ao ataque de drones, que provocou sete feridos. O governo rejeita a existência de "presos políticos", alegando que há políticos que estão detidos de forma justa..Reação internacional.A Organização de Estados Americanos, critica do governo de Maduro, condenou a morte de Albán. "Condenamos a morte de Fernando Albán, responsabilidade direta de um regime torturador e homicida. Esta ditadura criminal deve ir-se já da Venezuela", escreveu o secretário-geral Luis Almagro no Twitter..O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos anunciou que investigará a morte de Albán como parte do mandato atribuído pelo Conselho de Direitos Humanos para investigar os abusos cometidos na Venezuela. "O Conselho de Direitos Humanos encarregou o nosso Escritório de preparar um relatório sobre a Venezuela, por isso vamos analisar isso e investigar todos os aspetos da situação dos direitos humanos na Venezuela", declarou a porta-voz Ravina Samadasani.."Há muita especulação sobre o que aconteceu, se ele cometeu suicídio, se foi atirado, se foi maltratado, há muita especulação e é por isso que precisamos de uma investigação independente e transparente para esclarecer as circunstâncias de sua morte", referiu a porta-voz. Ravina Samadasani sublinhou que "Albán estava sob a custódia do Estado e, portanto, este tinha a responsabilidade de garantir a sua segurança, integridade pessoal e dignidade"..Terceira morte de opositores no Sebin.De acordo com o jornal El Nacional, esta é o terceiro opositor a morrer sob custódia do Sebin. A 13 de março de 2015, o piloto Rodolfo González, de 63 anos, detido por suposta posse de explosivos, tráfico de armas e por ligação aos protestos violentos de fevereiro de 2014, foi encontrado enforcado na cela. Ter-se-á suicidado quando soube que ia ser enviado para uma prisão comum..Já a 17 de setembro de 2017, Carlos Andrés García, vereador de Guasdualito, no estado de Apure, morreu após sofrer um AVC. O partido Primeiro Justiça alegou que estava detido ilegalmente - dois dias antes de morrer tinha sido decidido que ia para prisão domiciliária - e que lhe foi negada atenção médica.