Santos Silva sobre o Brexit: "As coisas do nosso lado são claras: não há renegociação"

O ministro dos Negócios Estrangeiros português afasta qualquer possibilidade de renegociação do acordo do Brexit
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A falar em Bruxelas numa altura em que já se perspetivava o adiamento da votação no Parlamento britânico, o ministro Augusto Santos Silva garantiu que a União Europeia aguarda a aprovação do acordo do Brexit nas "instituições relevantes". Quanto a uma eventual renegociação, como é a vontade expressa de Theresa May, a porta está fechada.

"As coisas do nosso lado são claras: não há renegociação de um texto que já foi concluído. Nós já fizemos a nossa parte", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português, em resposta às questões levantadas em Bruxelas pelos correspondentes portugueses, no final de uma reunião de ministros dos chefes da diplomacia da UE em que o tema, garantiu, "não foi discutido".

Alheios às decisões do governo britânico, os 27 continuam à espera "de que as autoridades britânicas [e] as instituições britânicas competentes façam a sua parte", afirmou Santos Silva, advertindo que "ninguém faz um acordo [e] ninguém está laboriosamente quase dois anos a negociar linha a linha um acordo jurídico, que tem quase 600 páginas, para no fim desejar que esse acordo não vingue".

"O único cenário para que nós trabalhamos é o cenário do acordo. Foi isso que fizemos. O acordo não pode ser imposto ao Reino Unido. O acordo tem de ser aprovado pelo Reino Unido. Sabemos que o governo o aprova, visto que o negociou. Falta que a Câmara dos Comuns faça o mesmo", vincou o governante português, no final do encontro em que também participou o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt.

Hunt foi, aliás, o último a entrar na sala, com um atraso relevante, tendo entrado numa altura em que o acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que dá cobertura legal ao travão unilateral ao Brexit já era conhecida, tendo considerado que uma tal decisão não só não vem alterar nada em relação ao que está "em cima da mesa", como é até "irrelevante".

"Penso que é irrelevante", considerou o ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Theresa May. "Porque imaginem como os 52% do país que votaram no Brexit se sentiriam se algum governo britânico atrasasse a retirada do Reino Unido da União Europeia no dia 29 de março. Eu acho que as pessoas ficariam chocadas e com muita raiva, e certamente não é a intenção do governo", afirmou Hunt.

Nestas declarações à entrada para o Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, Jeremy Hunt manifestava-se consciente da dificuldade que seria um pedido para a reabertura das negociações do acordo de retirada.

"A UE tem sido muito clara [dizendo] que não está disposta a reabrir o acordo de retirada. Esta é a melhor e última oferta. Eu acho que a primeira-ministra deixou claro que ela não está totalmente confortável com alguns dos elementos do plano de recurso para a Irlanda, mas no final, este é o acordo em cima da mesa", disse o chefe da diplomacia britânica, em Bruxelas.

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