Líder do SPD pede confiança dos militantes na Grande Coligação
A chanceler Angela Merkel, pressionada pela social-democrata Andrea Nahles, demitiu Hans-Georg Maassen do cargo de líder Gabinete Federal da Defesa da Constituição, ou seja, chefe dos serviços secretos internos alemães.
Isto depois de ele admitir encontros com pessoas ligadas à extrema-direita e de ter negado a autenticidade de imagens de radicais de extrema-direita a perseguirem imigrantes em Chemnitz, no estado da Saxónia, no leste da Alemanha.
Em seguida, o ministro do Interior, Hors Seehfoer, desafiando uma vez mais a chanceler, promoveu o espião que acabara de se demitido a secretário de Estado no ministério pelo qual é responsável.
A tensão, sempre latente, voltou então a instalar-se no governo de Grande Coligação entre a CDU de Merkel, a CSU de Seehofer e o SPD de Nahles. Esta está no poder desde março de 2018. As eleições foram a 24 de setembro de 2017, mas as negociações para formar um novo executivo foram extremamente difíceis.
Seehofer, pressionado pela subida da extrema-direita nas intenções de voto para as eleições de 14 de outubro na Baviera, tem seguido a via do confronto face à chanceler democrata-cristã. Já chegou a ameaçar demitir-se, por causa da política migratória, já chegou a sugerir que teria sido capaz de participar nos protestos de Chemnitz.
Neste participaram milhares de simpatizantes da extrema-direita, vindos de toda a Alemanha, depois de ter sido divulgado na página de um grupo radical o conteúdo do mandado de captura contra um iraquiano suspeito de esfaquear um alemão. Este acabou por morrer. O iraquiano acabou por seu preso. Foi aberta uma investigação à fuga de informação sobre o mandado de captura. Um guarda prisional confessou estar na sua origem. Mas as ondas de choque deste caso chegaram mais longe.
Face a todo o sucedido, a líder do SPD escreveu aos militantes do partido, dizendo que a decisão de Seehofer em nomear secretário de Estado o ex-líder dos espiões alemães "veio colocar mais um entrave" à cooperação na coligação.
"O SPD não devia sacrificar este governo porque Horst Seehofer emprega um funcionário que consideramos inapto", escreveu Andrea Nahles, na carta enviada aos militantes, citada esta quarta-feira pela Reuters.