Os independentistas catalães perderam a maioria absoluta que tinham no Parlamento da Catalunha, depois de o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont e outros três deputados do Junts per Catalunya (JxCat) insistirem em delegar o seu voto em vez de serem substituídos no plenário, numa solução considerada ilegal pelos peritos jurídicos..A posição de Puigdemont, no autoexílio na Bélgica, e dos deputados do JxCat que estão detidos vai contra a dos dois deputados da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) que estão presos, um deles o líder Oriol Junqueras. A divisão entre as duas formações, ambas no governo catalão, deixa assim o Parlamento sem a maioria absoluta independentista (possível com o apoio dos quatro deputados da Candidatura de Unidade Popular) - pelo menos até haver algum recuo por parte do JxCat..Os deputados em causa não parecem, contudo, dispostos a ceder, tendo escrito uma mensagem a rejeitar ser substituídos e garantindo que a maioria simples de 61 lugares (em 135) que os dois partidos independentistas que têm um acordo de governo mantêm no Parlamento catalão "permitirá manter o atual governo e continuar a promover o projeto republicano"..O JxCat elegeu 34 deputados a 21 de dezembro de 2017, e fica assim sem quatro votos - Puigdemont, Jordi Sànchez, Jordi Turull e Josep Rull. São acusados de rebelião e sedição na organização do referendo de 1 de outubro e consequente declaração independentista, estando o ex-presidente em Bruxelas e os restantes três detidos..Por seu lado, a ERC elegeu 32 deputados. Os dois detidos, Oriol Junqueras e Raul Romeva, designaram um substituto. Toni Comín, que está também em Bruxelas como Puigdemont, nunca delegou o voto e aguarda uma decisão de recurso, pelo que só 31 votos contam..Os dois partidos formaram governo com uma maioria simples, mas os independentistas garantiam a maioria absoluta com os quatro deputados da Candidatura de Unidade Popular (CUP). Agora, esses quatro votos não são suficientes..A decisão de não contar com os quatro votos do JxCat foi tomada pela Mesa do Parlamento catalão, após uma reunião de mais de uma hora e meia, com a ERC e o Partido Socialista Catalão (PSC) a rejeitarem a proposta do partido de Puigdemont de delegar o voto (o Ciudadanos absteve-se)..Isto depois de ter sido publicado um relatório dos peritos jurídicos segundo o qual a legalidade das leis aprovadas estaria em risco caso os deputados não designassem um substituto. Esta tinha sido a decisão a 9 de julho do juiz do Supremo Tribunal, Pablo Larena, que investiga os líderes independentistas, que resolveu suspender os deputados mas abriu a porta a que designassem um substituto..Junqueras enviou já uma mensagem desde a prisão de Lledoners, que foi publicada no seu Twitter. "O acordo aprovado no plenário de 2 de outubro nem nos suspende nem nos substitui, e permite garantir os nossos direitos como deputados. Acima de tudo, devemos preservar a maioria independentista, não podemos permitir pôr em risco o feito de 21-D [a data das eleições autonómicas]", escreveu.