Caso Khashoggi. Gravação pode comprometer príncipe saudita

Um membro da equipa suspeita de ter assassinado o jornalista disse ao telefone que, quem quer que estivesse do outro lado da linha, podia "dizer ao chefe" que a missão fora levada a cabo. Autoridades turcas acreditam que o "chefe" seja o príncipe Mohammed bin Salman
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Logo depois de o jornalista Jamal Khashoggi ter sido assassinado no consulado saudita de Istambul, um membro da equipa suspeita de o ter assassinado terá dito ao telefone, a quem estava do outro lado da linha: podes "dizer ao teu chefe" que a missão foi levada a cabo. O "chefe", conta o New York Times , tem sido apontado como o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammed bin Salman, podendo fazer da gravação uma prova forte que liga o príncipe saudita ao crime.

A chamada foi feita por Maher Abdulaziz Mutreb, que frequentemente integra a equipa de segurança do príncipe Mohammed bin Salman. As autoridades turcas, que partilharam a gravação com a diretora da CIA Gina Haspel em outubro, mês em que Khashoggi foi assassinado, acreditam que Mutreb falava com alguém próximo do príncipe. Contudo, Turquia e Estados Unidos ressalvam que esta gravação não é uma prova incriminatória definitiva, uma vez que não envolve diretamente o príncipe.

Em comunicado, a Arábia Saudita voltou ontem a negar que o príncipe "tivesse qualquer conhecimento" do assassinato de Khashoggi.

Apesar de a Turquia ter permitido que os Estados Unidos e outros países, como Canadá e França, ouvissem a gravação, além de lhes terem fornecido transcrições, esta não foi ainda assim disponibilizada para uma análise independente, acrescenta o New York Times.

A Casa Branca justifica o facto de as suas relações com a Arábia Saudita, país aliado da Administração Trump, se manterem inalteradas depois do caso Khashoggi com o facto de não existirem provas concretas do seu envolvimento no homicídio. Todavia, a mudança de poder no Congresso, na sequência das recentes eleições intercalares nos Estados Unidos, onde os democratas estarão em maioria a partir de janeiro, pode aumentar a pressão sobre a Casa Branca para tomar medidas.

Nesta semana a CIA estará no Congresso: a diretora Gina Haspel também deverá ser pressionada a pronunciar-se acerca da culpabilidade do príncipe saudita.

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