Bispo escolta migrantes pela fronteira para protestar contra Trump
Mark Seitz, bispo católico de El Paso, escolta migrantes para trás e para a frente na fronteira entre o México e os EUA para protestar contra a política migratória da Administração norte-americana de Donald Trump. Estas obrigam a que os requerentes de asilo permaneçam no México enquanto os seus pedidos estão a ser analisados.
Em maio 144 mil migrantes pediram asilo na fronteira entre o México e os EUA. Os números ultrapassam as capacidades dos serviços fronteiriços e muitos, sobretudo crianças, foram mantidos em instalações sem higiene e em condições desumanas. 15 mil requerentes de asilo encontram-se atualmente em território mexicano à espera de ver o seu pedido analisado na fronteira, noticiou o canal de notícias KVIA-TV, de El Paso, no Texas.
"Há carências graves a nível de acesso a abrigo, comida, ajuda legal e serviços básicos" em Ciudad Juarez, onde muitos migrantes estão à espera para conseguir entrar em território norte-americano, disse o bispo, de 65 anos. "Um governo e uma sociedade que vê as crianças migrantes e as suas famílias como ameaça, um governo que trata crianças a cargo dos EUA como animais, um governo e uma sociedade que vira as costas a mães grávidas, bebés e famílias que chegam a Ciudad Juarez sem consciência dos desafios esmagadores desta cidade... este governo e esta sociedade não estão bem", constata o religioso, que é natural do Wisconsin, mas foi ordenado bispo de El Paso pelo Papa Francisco em 2013.
Esta semana Mark Seitz rezou e caminhou com uma família de migrantes das Honduras pela Lerdo International Bridge em El Paso, fronteira entre o México e os EUA, no Texas, para ajudá-los a apresentar o seu pedido de asilo. De mãos dadas com ele, a pequena Cesia, bebendo um copo de sumo, a acompanhá-los, uma multidão de repórteres.
"Como líder católico e cristão na zona de fronteira sou, muitas vezes, apelidado de médico da alma, disse, em inglês e em espanhol, citado por vários media internacionais, como o site do jornal Independent. "Aqui na fronteira entre os EUA e o México como é que nós podemos diagnosticar o estado da alma do nosso país?", questionou-se, manifestando-se contra a estigmatização que os EUA estão a fazer em relação àqueles que buscam ajuda.
O "Ato de Fé" do bispo Seitz, assim chama ao seu protesto contra a Administração Trump, surgiu na mesma semana em que a fotografia de um pai e de uma menina hondurenhos, afogados no Rio Grande, correu mundo e suscitou grande indignação. Óscar e Valeria, tal como esta família que o religioso ajudou, queriam chegar a território norte-americano.
Após muita polémica e acesas trocas de acusações entre os republicanos do presidente e a oposição democrata, o Congresso dos Estados Unidos aprovou na quinta-feira uma ajuda financeira urgente de 4,6 mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros) para responder à situação na fronteira com o México. A verba disponibilizada permite financiar a receção de menores, mas também reforçar o controlo na fronteira entre os EUA e o México.