Bispo de São Tomé diz que políticos se limitam a copiar modelos de Angola e Cabo Verde

Manuel António dos Santos diz que políticos são-tomenses deviam fazer apostas realistas para delinear uma estratégia de futuro em vez de fazerem promessas demagógicas.
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O bispo de São Tomé, Manuel António dos Santos, defendeu neste domingo que os políticos são-tomenses devem "delinear uma estratégia de futuro" e procurar "apostas realistas", mas recusou a ideia de um governo de unidade nacional no país.

"Os políticos deste país têm de se sentar e ser capazes de delinear uma estratégia de futuro para este país, e tentar apostas realistas", referiu, em entrevista à Lusa, o bispo português, na diocese de São Tomé e Príncipe desde 2006.

Manuel António dos Santos rejeitou, no entanto, a ideia de um governo de unidade nacional: "Isso não resolve nada."

"Um bom governo deve ter sempre alguém que de vez em quando lembre que não está a fazer bem. A pior coisa que poderia haver num país é não haver oposição. A oposição também faz falta", comentou.

O bispo ressalvou que os partidos da oposição também devem dar o seu contributo.

"Mesmo estando na oposição, não significa que os partidos da oposição não possam sentar-se com o governo e pensar este país, e darem também o seu contributo para um projeto deste país. E refletirem todos, de facto, mas com cabeça, tronco e membros, e com a realidade de São Tomé e Príncipe", considerou.

O responsável da Igreja Católica em São Tomé e Príncipe critica o que diz ser "promessas demagógicas" e afirma que a classe política quer copiar modelos de outros países, como Angola ou Cabo Verde, com realidades distintas.

"Que [os políticos] sejam são-tomenses e que pensem o país com a realidade de São Tomé e Príncipe, no lugar onde se situa São Tomé e Príncipe e com as suas potencialidades e realidade", defendeu.

Na opinião do bispo, o futuro do país passa pela aposta na formação.

"É preciso criar nas pessoas capacidade mental de verem ao longe, de serem capazes de formar um futuro (...) e perceber como é que poderão dar a volta a situações difíceis, perspetivar um futuro", comentou.

Na sua opinião, São Tomé e Príncipe é hoje "um país parado", onde "muitas empresas fecharam portas" e praticamente já ninguém acredita na promessa do petróleo.

Apesar da beleza natural do país, o turismo tem algumas limitações, por falta de capacidade de oferta de serviços aos visitantes, sustentou.

"Aqui têm de apostar sobretudo na qualidade. São Tomé e Príncipe, o que tem, é pouco. Que o pouco que tem seja bom", comentou o bispo português.

*Jornalista da agência Lusa

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