"Através da política posso fazer mais do que com outra canção"

Roberto Leal conta ao DN porque se vai candidatar a deputado estadual em São Paulo. E fala dos seus sonhos, as suas preferências eleitorais e as suas ideias sobre Lula ou Bolsonaro
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António Joaquim Fernandes, de 66 anos, vai candidatar-se a um cargo nas eleições do Brasil. A notícia, dita assim, pode passar despercebida. Mas António Joaquim Fernandes assina Roberto Leal no mundo da música e é uma celebridade entre os emigrantes portugueses em São Paulo e por todo o país.

O autor de "Arrebita" e "Bate o Pé", os seus maiores hits no Brasil, concorre pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), liderado a nível nacional por Roberto Jefferson, um dos principais delatores do Escândalo do Mensalão, e apoia para a presidência, de acordo com a diretriz partidária, o candidato Geraldo Alckmin, do PSDB.

Sonha em melhorar a Educação e a Saúde e diz que aceitou o" facto de que através da política poderia fazer muito mais do que com uma canção a mais".

Como surgiu o convite para entrar na política?
Há três anos, conheci a Lúcia Furtado, uma coordenadora política, que me fez a proposta mas eu nem estava pensando numa ideia dessas. De repente, através dela, vários partidos, muitos mesmo, começaram a procurar-me. Até que um dia foi à minha casa o deputado Campos Machado, do PTB, e eu vi que havia ali um homem decente, com princípios, com mais de 4500 projetos de lei e 264 leis aprovadas. Ele fez-me parar para pensar.

Aceitou aí?
Na época haveria eleições municipais e eu concorreria para o cargo de vereador pelo município de São Paulo. Mas acabei não aceitando, inclusivamente por causa da minha carreira. Passados três anos, a apenas três dias da convenção do partido, aceitei o facto de que através da política poderia fazer muito mais do que com uma canção a mais, aceitei o facto de que, sentado numa cadeira da assembleia legislativa, teria muito mais condições de fazer algo melhor para as pessoas, já que a vida me tinha dado tudo de melhor. Então dei a minha resposta afirmativa mas desta vez concorrendo para o cargo de deputado estadual pelo estado de São Paulo

Quais são as suas prioridades?
É claro que todos nós temos sonhos, muitos sonhos, e eu tenho o sonho de poder fazer algo pelas pessoas que possa tornar a vida delas um pouco melhor. Há muito o que se fazer em todas as áreas, pois o Brasil tem muitas carências, a saúde será uma das minhas prioridades, destinando todas as verbas que vierem à minha mão aos hospitais necessitados. Após um ano de tratamento médico, senti na pele a vital importância de se ter hospitais bons e bem equipados.

Já falou também em olhar a educação.
Na educação, tenho o sonho do estágio cidadão. Ver os nossos jovens participarem um pouco mais do todo da sociedade, em parcerias com o governo, emprestando a capacidade deles nas áreas críticas dos municípios, ganhando toda a gente: a sociedade necessitada e o jovem que começa a por em prática a sua profissão, ainda no último ano do seu curso. Também sonho lutar pela prevenção médico-odontológica nas escolas carentes.

A comunidade portuguesa, consigo, vai ter mais voz?
Com certeza. Além de ter mais voz, também pode colaborar mais. A comunidade portuguesa, uma comunidade vitoriosa no Brasil, tem no comércio a sua maior força produtiva, através de restaurantes, supermercados, bares, lanchonetes, hotéis, postos de gasolina. O comércio passou por uma crise muito profunda, que ainda enfrenta, e com parcerias com o governo podemos ter, por um lado, melhores condições fiscais para o comércio e, por outro, o comércio passar a gerar mais empregos, principalmente o primeiro emprego, tendo em vista contrariar a altíssima taxa de desemprego entre os jovens. Esses são alguns dos meus sonhos, aos quais, se for eleito, me irei dedicar.

Quem apoia na corrida ao governo do estado e à presidência da República?
O nosso partido decidiu, por terem projetos semelhantes, apoiar o Márcio França (PSB) para governador do estado e o Geraldo Alckmin (PSDB) para a presidência da República.

Qual a sua opinião sobre os dois mais mediáticos candidatos, Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSL)?
Eu tenho por regra de vida nunca fazer comentários sobre ninguém, especialmente sobre os meus colegas de profissão. Pretendendo entrar para a política, os políticos passam a ser meus colegas. A opinião não muda a realidade, cada um mostra a sua obra e a sua obra reflete no mundo. A realidade do Lula está aí, para todos verem, e o Bolsonaro está plantando ideias que poderão, ou não, influenciar o destino do Brasil. Quero acreditar que todos os candidatos a presidente estão a batalhar pelos seus ideais e peço a Deus que o Brasil seja o grande beneficiado.

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