"Inapropriado", "um desafio à cultura". Rei da Tailândia proíbe candidatura da irmã
Aos 67 anos, a princesa Ubolratana Mahidol anunciou ser candidata a primeira-ministra, violando a tradição de não ingerência política da família real tailandesa
Marcadas para 24 de março, as próximas eleições tailandesas prometiam uma grande novidade: a candidatura da princesa Ubolratana Mahidol a primeira-ministra. Mas pode não acontecer. Tudo porque o rei Vajiralongkorn já veio considerar a decisão da irmã "inapropriada" e "um desafio à cultura" do país.
Aos 67 anos a princesa surgiu como candidata de um partido aliado do ex-primeiro-ministro Thaksin Shnawatra, derrubado por um golpe militar4 e 2006 e desde então no exílio, mas mesmo assim influente na política tailandesa.
Mas tal candidatura violaria a tradição de não ingerência política da família real tailandesa.
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O partido que nomeou a princesa já veio afirmar que o palácio real não vai desempenhar nenhum papel público nas eleições, nem tomará nenhum partido.
Apesar disso, a princesa Ubolratana Mahidol nãoi deixou de se apresentar como rival do atual primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha. Este autoproclamou-se chefe do governo provisório um dia depois de os militares terem tomado o poder num golpe de Estado, a 22 de maio de 2014.
Regresso à democracia
Na votação serão eleitos 500 membros do futuro parlamento da Tailândia, que por sua vez vão eleger o próximo primeiro-ministro.
O decreto, assinado pelo rei Vajiralongkorn e publicado no jornal oficial da Tailândia, no início do ano, abriu caminho para o país regressar à democracia, após o golpe militar liderado pelo atual primeiro-ministro, o general Prayut Chan-ocha.
"Em 24 de março, os tailandeses vão pronunciar-se para acabar com o regime militar", disse na semana passada o jovem milionário e chefe do novo partido de oposição "Futuro Avante", Thanathorn Juangroongruangk.
"Estas eleições devem ser livres e justas, para permitir que o país avance", sublinhou por seu lado o líder do principal partido da oposição, Pheu Thai.
Desde o fim da monarquia absoluta, em 1932, a Tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de Estado, 12 das quais bem-sucedidas.
O anterior rei, Bhumibol Adulyadej, considerado como uma figura divina e monarca desde 1946 até à sua morte em 2016, era visto como o garante da união do país. O filho e sucessor é uma figura mais controversa, tendo estado envolvido em vários escândalos ao longo dos anos como príncipe herdeiro.