Macron: Reino Unido poderia conseguir um acordo comercial especial
Presidente francês avisa que os britânicos não terão acesso pleno ao mercado único se não aceitarem as "condições" do bloco.
O Presidente da França sugeriu que o Reino Unido poderia chegar a um acordo comercial "especial" com a União Europeia (UE) após o 'Brexit', numa entrevista a transmitir no domingo pela BBC, que avançou hoje com alguns excertos.
Emmanuel Macron realizou, na quinta-feira, a sua primeira visita oficial ao Reino Unido, onde se encontrou com primeira-ministra britânica, Theresa May, com quem optou por fortalecer os laços de defesa e segurança, apesar da futura saída dos britânicos da UE ('Brexit').
Na sua entrevista à BBC, Macron afirmou que o Reino Unido poderia forjar um acordo "especial" com a UE nas negociações que mantém com Bruxelas, embora tenha avisado que os britânicos não terão acesso pleno ao mercado único se não aceitarem as "condições" do bloco.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Estas condições incluem a livre circulação de trabalhadores, contribuições para o orçamento comunitário e a jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça.
"Esta solução especial deve ser consistente com a preservação do mercado único e os nossos interesses coletivos", disse Macron, acrescentando que o Reino Unido "deve entender que não pode, por definição, ter pleno acesso ao mercado único se não cumprir as regras".
O político considerou que o acordo negociado entre as partes poderia estar "talvez entre este acesso completo (ao mercado único) e um acordo comercial".
Em consonância com as advertências de Bruxelas, o líder francês alertou Londres que, uma vez fora da UE, não poderá escolher os elementos que lhe são adequados do bloco sem cumprir as regras a que se submetem os Estados-Membros.
Macron também admitiu que "adoraria" receber o Reino Unido de volta à UE, deixando a porta aberta para que o 'Brexit' possa ser revertido e insistiu que, sem os britânicos, os vinte e sete ficarão "descontentes".
Questionado se a futura saída britânica - prevista para março de 2019 - é inevitável, o Presidente respondeu: "Depende de vós (britânicos), quero dizer, eu respeito a votação (referindo-se ao referendo de 23 de junho de 2016), lamento essa votação e eu adoraria dar-vos novamente boas-vindas".
Macron também esclareceu que o seu país não cederá ao pedido britânico para que o setor de serviços financeiros seja "coberto" por um acordo comercial, após a sua reunião com Theresa May.
Nesse sentido, o político francês já indicou, há dois dias, à primeira-ministra que Londres deveria contribuir com o orçamento da comunidade para que o seu centro financeiro, a City, tenha acesso ao mercado único após o 'Brexit'.
"Há uma concorrência entre diferentes países" para atrair as empresas de serviços financeiros no futuro e a França "quer atrair a máxima atividade", disse Macron.