Ataque contra coluna humanitária fez pelo menos 20 mortos
O ataque aéreo contra uma coluna de camiões com ajuda humanitária ocorrido na segunda-feira na região síria de Alepo fez pelo menos 20 mortos, divulgaram hoje as organizações Cruz Vermelha e Crescente Vermelho Árabe Sírio.
"Cerca de 20 civis e um membro da equipa do Crescente Vermelho Árabe Sírio [organização federada com a Cruz Vermelha] foram mortos quando estavam a descarregar ajuda humanitária vital dos camiões. Uma grande parte da ajuda foi destruída", indicou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV/CV), num comunicado.
O armazém do Crescente Vermelho Árabe Sírio em Orum al-Koubra foi igualmente atingido pelo ataque perpetrado na segunda-feira, cujos autores ainda não são conhecidos.
"Estamos totalmente devastados com a morte de tantas pessoas, incluindo um dos nossos colegas, o diretor da nossa filial local, Omar Barakat", afirmou o presidente do Crescente Vermelho Árabe Sírio, Abdulrahman Attar, citado na mesma nota informativa.
"Era um elemento empenhado e corajoso da nossa família de funcionários e de voluntários, que trabalhava de forma incansável para aliviar o sofrimento do povo sírio. É totalmente inaceitável que a nossa equipa de funcionários e de voluntários continue a pagar um preço elevado por causa dos combates que prosseguem", acrescentou o representante.
A guerra na Síria já fez mais de 300 mil mortos desde março de 2011, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Deste número total de vítimas mortais, perto de 87 mil são civis, incluindo cerca de 15 mil crianças.
Durante os cinco anos do conflito sírio, 54 funcionários e voluntários do Crescente Vermelho Árabe Sírio perderam a vida durante o exercício das suas funções, segundo a FICV/CV.
As Nações Unidas anunciaram hoje a suspensão de todos os comboios humanitários na Síria após o ataque aéreo de segunda-feira.
"Todos os comboios foram suspensos até que seja feita uma nova avaliação da situação de segurança" na Síria, declarou em Genebra o porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke.
A mesma agência exigiu um "inquérito" sobre o ataque, uma vez que as Nações Unidas e o Crescente Vermelho Árabe Sírio dispõem de todas as autorizações necessárias para prestar ajuda humanitária a cerca de 78 mil pessoas em Orum al-Koubra, na província de Alepo (norte da Síria), explicou ainda à comunicação social o porta-voz do OCHA.
"Por aquilo que sabemos do ataque de ontem [segunda-feira], houve uma violação flagrante do Direito Internacional humanitário, o que é totalmente inaceitável", disse hoje o presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer, também citado num comunicado.