Depois de a administração do Global Media Group ter informado esta quinta-feira, em comunicado interno, não ter condições para pagar este mês os salários de dezembro aos trabalhadores do grupo, entre os quais se encontram os jornalistas do Diário de Notícias, o Governo emitiu uma nota a dar conta de que "acompanha com preocupação as notícias sobre a Global Media"..Reconhecendo que "no imediato, são os trabalhadores destes órgãos quem enfrenta as dificuldades mais graves" e que o "num plano mais amplo, o ambiente de instabilidade que hoje se vive nas redações" do grupo "corresponde a um empobrecimento do pluralismo informativo, que comporta sérios riscos para a democracia", o Executivo reiterou que a compra por parte do Estado da participação que a Global Media tinha na agência Lusa falhou sobretudo devido à "inexistência de um compromisso político com o principal partido da oposição inviabilizou esta operação, que teria permitido que o serviço da Lusa passasse a ser disponibilizado gratuitamente a todos os órgãos de comunicação social"..O Ministério da Cultura sublinhou, através do comunicado enviado às redações, causar "a maior das perplexidades" que "após a entrada de um novo acionista num grupo económico - a qual foi acompanhada de declarações de investimento no jornalismo -, se tenha passado rapidamente para afirmações de sentido contrário, que culminaram, no dia de hoje, no anúncio de que os salários do mês de dezembro não serão pagos na data devida"..O Governo vinca que "cabia aos investidores estarem informados sobre as circunstâncias financeiras do grupo em que decidiram investir, pelo que não é crível virem agora alegar desconhecimento" e diz que está a "acompanhar a situação dos trabalhadores, através da Autoridade para as Condições do Trabalho, para garantir o cumprimento da legislação laboral"..O Executiva realça que o jornalismo desempenha um papel "nas democracias, pela necessidade de assegurar o pluralismo do espaço mediático" e que a "informação é um bem público", pelo que "os negócios da comunicação social não são iguais aos outros", recordando que o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) "solicitou à Global Media que disponibilize a informação necessária para que seja identificada toda a cadeia de entidades associada ao fundo proprietário do grupo" e que "o prazo de resposta a esta pergunta ainda decorre"..A nota dá conta de que o ministro da Cultura dirigiu esta quinta-feira "uma carta à Entidade Reguladora, indagando sobre as consequências da crise deste grupo de comunicação social para o pluralismo da informação em Portugal, uma vez que tal grupo detém um conjunto de títulos fundamentais para assegurar a diversidade da oferta mediática, quer do ponto de vista da informação de proximidade, quer à escala nacional"..O Governo vinca que a "Global Media deve assegurar o pagamento dos salários devidos, podendo, no limite, desencadear os mecanismos necessários para que o Fundo de Garantia Salarial seja acionado".