Venezuela: Apreensão e revolta marcam vida dos venezuelanos deslocados no Brasil

Apreensivos, dezenas de venezuelanos que vivem no Brasil aguardam para seguir com o pequeno comboio de ajuda humanitária que está parado em Pacaraima, no lado brasileiro da fronteira.
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Mariane Mendes, 33 anos, que vive no Brasil desde 2016 contou à Lusa que veio apoiar a entrada da ajuda humanitária porque a sua família não aguenta mais as condições terríveis de vida no seu país.

"Meu pai, meus tios e tias estão na Venezuela passando fome em Maturin. Não dá mais para continuar assim", disse.

Mariane Mendes salientou que atravessa várias vezes a fronteira e vai à Venezuela levar comida à família.

"Tenho que dar parte das coisas como suborno para os guardas do Exército. Estou farta disso. Temos que fazer pressão para fazer cair esse governo do Maduro", enfatizou.

Bolbinio Nunhez e Rita Nunhez, indígenas venezuelanos da etnia Warao, que vivem há três anos no Brasil, manifestaram-se muito preocupados com os indígenas que foram atacados na região da fronteira na sexta-feira.

Indígenas da tribo Pemon, que vivem perto da fronteira, envolveram-se em confrontos com militares venezuelanos.

Dos confrontos resultaram dois mortos e 15 feridos, todos com ferimentos de balas.

As vítimas faziam parte de uma comunidade indígena que defende a entrada de ajuda humanitária em território venezuelano.

"Estamos aqui para apoiar a ajuda humanitária porque sabemos que muitos parentes estão com fome. Preocupa-nos também a reação que o Exército teve contra os índios Pemon", destacou Rita Nunhez.

"Estou aqui desde 10:00 da manhã (14:00 em Lisboa) e vou permanecer até a carga passar. Queremos entrar juntamente com os camiões", acrescentou o marido, Bolbinio Nunhez.

O casal de indígenas venezuelanos também relatou que familiares da região de Tucupita estão desesperados à espera de ajuda.

"Temos que fazer muitos protestos hoje. Em Santa Elena e em toda a Venezuela há muitos indígenas com fome. Eu e um grupo de 20 mulheres que estão aqui pensamos em tentar atravessar a pé com a ajuda humanitária", concluiu Rita Nunhez.

Hoje é a data limite anunciada pelo autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, para a entrada no país de 14 camiões e 200 toneladas de ajuda humanitária reunida para a Venezuela.

Juan Guaidó, opositor de Maduro e reconhecido por mais de 50 países como Presidente interino do país, prometeu introduzir essa ajuda humanitária na Venezuela neste dia, numa operação para a qual estão mobilizados milhares de cidadãos.

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