Presidente da concelhia PS/Bragança demite-se em desacordo com distrital

O presidente da comissão política concelhia do PS de Bragança, André Novo, informou hoje que pediu a demissão do cargo "por discordar das opções políticas do presidente da federação distrital", Jorge Gomes.
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O presidente da federação vê "com alguma surpresa" esta decisão, mas entende que "é a vida de um partido" e escusou-se a comentar "as considerações que faz" André Novo, afirmando que "para quem pensa que tem peso, peso tem o povo e, neste caso, é o PS que está em causa e em primeiro lugar".

André Novo sai um ano depois de eleito, a meio do mandato, e Jorge Gomes, antigo secretário de Estado da Administração Interna, chegou à federação pouco depois, em abril de 2018. Ambos manifestaram à Lusa visões diferentes do futuro daquela que é a maior concelhia socialista do distrito de Bragança, com o presidente demissionário a defender que terão de ser convocadas eleições intercalares e o da federação a entender que pode ser substituído sem novas eleições.

O Secretariado Distrital do PS já tinha agendada para sábado uma reunião em que a situação da concelhia vai ser acrescentada à agenda para discutir como resolver a situação, segundo foi adiantado à Lusa.

O presidente da distrital entende que a demissão é individual do presidente, pelo que pode, como se trata de um órgão coletivo, ser feita a sua substituição por outro elemento do órgão concelhio com 41 representantes. Neste caso não seria necessário novo ato eleitoral até às eleições para estas estruturas partidárias que deverão ocorrer em todo o país em dezembro ou janeiro próximos.

Jorge Gomes ressalvou que serão os órgãos competentes a analisar a questão.

Já André Novo defende que a sua demissão implica a realização de novas eleições na concelhia e adiantou à Lusa que já enviou "para a sede nacional e para a federação documentação a solicitar que sejam convocadas".

O presidente demissionário considera que a "concelhia ficou sem quórum", especificando que além dele, pediu também a demissão todo o Secretariado.

"Não sou só eu sozinho", sublinhou.

André Novo afirmou que não irá recandidatar-se "enquanto não houver alteração na liderança da distrital", concretizando que discorda "das opções políticas e só políticas" de Jorge Gomes.

"Em várias reuniões o presidente da federação diz que tem linha direta para o primeiro-ministro e influência política, mas depois acontecem coisas como, por exemplo, o plano de investimentos nacional (sem investimentos para a região) e diz que não foi bem conseguido", declarou.

O presidente demissionário alega que "são motivos mais que suficientes para esta tomada de posição a falta de influência política na ação governativa nacional, a falta de voz na defesa do concelho de Bragança e da região, a falta de liderança, a falta de articulação entre o Governo, órgãos distritais e concelhios do PS, a falta de credibilidade e de peso político junto do Governo de forma que as reivindicações do concelho e da região fossem efetivadas".

"Não vislumbrando alterações a curto ou médio prazo nesta atuação, depois de ouvido o secretariado da concelhia do PS de Bragança e de perceber as diferentes sensibilidades existentes no seio do partido, senti apoio mais do que suficiente para esta tomada de decisão, uma vez que ficou claro que não havia condições políticas para continuarmos o projeto que abraçámos há um ano com uma vitória inequívoca", sustentou.

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