Bolsa de Valores de Cabo Verde quer adotar formas inovadoras de financiar empresas e Estado

A Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) pretende adotar formas inovadoras de financiar as empresas e o Estado, disse hoje o presidente, apontando a titularização como "forma inteligente" de responder à necessidade de financiamento interno.
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"O financiamento clássico praticamente está esgotado e há necessidade de inovações para o mercado, que sirvam os interesses do financiamento da economia, particularmente do Estado, mas também das empresas", afirmou.

Manuel Lima, que falava aos jornalistas, na cidade da Praia, no âmbito de um fórum para assinalar os 20 anos da BVC, disse que há novas oportunidades e condições, pelo que é preciso "dar um salto qualitativo" para novos mecanismos de financiamento.

Entre os novos mecanismos, destacou a emissão de títulos, considerando que é um instrumento muito utilizado, com "avanços enormes" e vantagens para empresas e para o Estado.

"Já se ouviu falar em Cabo Verde na necessidade de se encontrar soluções internas e a titularização é uma forma inteligente de responder à necessidade de financiamento. Não sendo mais possíveis formas clássicas de financiamento às empresas, é possível por essa via", disse.

Manuel Lima disse que os recursos dos fundos do Turismo, do Ambiente e Rodoviário podem também ser utilizados para financiar a economia cabo-verdiana, em áreas como a requalificação urbana, turismo e ambiente.

O presidente afirmou que neste momento a BVC, criada em maio de 1998, tem uma capitalização de perto de 61 mil milhões de escudos (553 milhões de euros), quatro empresas listadas, outras que emitem obrigações e municípios que também investem.

"No fundo queremos ir um bocadinho mais além, queremos inovar. Temos empresas novas, inovadoras, que também vão requerer formas inovadoras de financiamento", salientou Manuel Lima, presidente da bolsa desde 2012 e reconduzido ao cargo em agosto do ano passado.

A abertura do fórum foi presidida pelo ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, que também salientou a necessidade de modernizar e inovar em termos de instrumentos, produtos e infraestruturas, para que se possa ter um mercado "credível, sério e transparente".

Sublinhando o papel do Estado, o ministro disse também que o Governo vai trabalhar para criar condições para que o setor privado tenha acesso ao financiamento, através, por exemplo, de um Fundo de Capital de Risco, que será criado.

Olavo Correia apontou também a privatização de várias empresas públicas, entre elas a Bolsa de Valores, esperando ter um mercado financeiro "mais envolvido", com fundos de investimento às empresas e fundos de capital de risco, que não passam apenas pelo crédito.

"Pode ser fundo de capital de risco, dispersão das ações, emissão de obrigações. Temos vários instrumentos que possam ser colocados à disposição, para que as empresas possam financiar-se de uma forma mais otimizada e possam criar valor para os trabalhadores, credores, acionistas e para as ilhas", apontou.

O também vice-primeiro-ministro cabo-verdiano apelou as empresas a mudarem, por exemplo, o seu sistema de governo, com gestão mais transparente, prestação de contas e criação de valor, para poderem reembolsar aqueles que decidirem comprar os seus riscos.

Olavo Correia disse ainda que o Governo está a trabalhar para que grandes empresas cabo-verdianas tenham acesso ao financiamento através de instituições internacionais e da internacionalização do mercado de capital e da Bolsa de Valores para o mercado regional.

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