Greve em mina de carvão da Vale Moçambique entrou hoje no quarto dia
O bónus e o subsídio de gratificação de permanência foram cortados num prévio acordo entre os trabalhadores e a mineradora, quando o preço do carvão no mercado internacional desacelerou em 2014, tendo a empresa comprometendo-se a retomar os pagamentos após a estabilidade da conjuntura, disse à Lusa um representante dos trabalhadores.
"Os trabalhadores e a empresa acordaram o corte das bonificações e o 14.º salário quando o carvão atingiu o preço mais baixo. Como trabalhadores aceitamos o sacrifício. Mas agora que voltamos em alto o preço do carvão e já atingimos vários recordes de produção e processamento a empresa quer manter os cortes, o que não faz sentido", acrescentou o mesmo representante na condição de anonimato.
Estão envolvidos na paralisação trabalhadores ligados aos setores de produção e processamento de carvão mineral, tendo o grupo vedado a sua área de operações, impedindo o funcionamento de outros setores, incluindo de empresas subcontratadas pela empresa mineira Vale Moçambique.
Várias rondas negociais entre o sindicato dos trabalhadores e a empresa ainda não surtiram efeitos, estando o grupo com as atividades ainda paralisadas, quando estão programados novos encontros.
A Lusa tentou em vão ouvir o sindicato dos trabalhadores, por o representante sindical estar em constantes rondas negociais.
Entretanto, a mineradora Vale Moçambique considera que a paralisação das atividades pelos trabalhadores da empresa na mina de Moatize, província de Tete, centro de Moçambique, "é ilegal".
Em comunicado a mineradora avança que a paralisação das atividades pelos trabalhadores da mina de Moatize vem desde a 15 de dezembro, baseando-se na expectativa destes auferirem o 14.º salário e o subsídio de gratificação de permanência.
A empresa refere no mesmo documento que tais bonificações foram revogadas em julho de 2015, no âmbito do acordo coletivo de trabalho.
"Esclarecemos que não existe a previsão de qualquer pagamento referente a benefícios já revogados. Informamos ainda que este movimento é ilegal e orientamos os nossos trabalhadores que voltem aos seus postos de trabalho, para que este tipo de tema seja tratado nos fóruns competentes", refere a nota, salientando que a empresa cumpre com as melhores normas de remunerações no país e na região.