Os passageiros da rede Unir que compram bilhetes ocasionais a bordo foram surpreendidos, no arranque do ano, com o disparar dos preços cobrados. Após um ano a pagar o valor mínimo, de 2,20 euros em qualquer distância, os passageiros com destinos mais longínquos, São João da Madeira, por exemplo, passaram a pagar 6,75 euros pelo mesmo percurso. Uma situação que gerou revolta, mas para a qual os motoristas não sabiam dar explicação. Contactada a Área Metropolitana do Porto (AMP), entidade que ficou responsável pela gestão da rede Unir enquanto a nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto não foi formalmente constituída - o que aconteceu ontem, 13 de janeiro -, a primeira secretária da comissão executiva da AMP indicou que “a partir do dia 1 de janeiro de 2025, para todos os operadores, entraram em vigor, definitivamente, os três escalões do bilhete de bordo, de acordo com a distância percorrida, e conforme previsto no contrato e desde o início da operação”. Sem entrar em mais pormenores, Ariana Pinho, referiu apenas que “os utentes, terão sempre a alternativa de utilizar o bilhete ocasional (pré-comprado), cujo valor, tal como as assinaturas mensais, foi congelado”.Em causa terá estado, de acordo com informações recolhidas pelo DN, uma questão técnica que terá impedido a cobrança dos títulos ocasionais em função das zonas percorridas. Ou seja, durante mais de um ano - a rede Unir arrancou, oficialmente, a 1 de dezembro de 2023 -, os bilhetes vendidos diretamente no autocarro aos utentes foram cobrados pelo valor mínimo, de 2,20 euros, independentemente da distância percorrida. Numa viagem da Trofa ao Porto, por exemplo, o título por zonas é o Z6, que custa, a bordo, 4,50 euros. Já de São João da Madeira ao Porto, é o título Z9, que custa a bordo 6,75 euros. Até 31 de dezembro, os passageiros pagavam 2,20 euros.Questionada a AMP sobre quantos passageiros são, habitualmente, transportados nas 439 linhas de autocarro da rede Unir (que veio substituir os cerca de 30 operadores privados rodoviários que operavam na AMP) e quantos títulos ocasionais são vendidos, mensalmente, o Diário de Notícias não obteve resposta.Fonte conhecedora do processo desvaloriza, no entanto, o impacto desta alteração, sublinhando que “quase ninguém usa o bilhete de bordo, são números residuais, talvez algumas centenas por dia”. Mas reconhece que a alteração, sem comunicação prévia e divulgação junto das populações dos 17 municípios abrangido “gerou revolta”.Revolta e muitas queixas é o que mais tem marcado este primeiro ano de atividade da Unir. Uma visita à página no Facebook de um grupo de informação e apoio aos passageiros da Unir mostra uma série de queixas quanto a atrasos, a autocarros que pura e simplesmente não aparecem, bem como à questão deste aumento súbito. O administrador do grupo explica que o tarifário já era por zonas, em 2024, mas que o sistema informático não o assumia, algo agora alterado.A mesma pessoa explica ao utente que questionou os tarifários que o cartão azul Andante tem validade de um ano e que pode carregar as viagens conforme as zonas que viajar. No caso do bilhete Z9, que a bordo passa a custar 6,75 euros, se for carregado num agente Payshop, numa loja Andante ou nas máquinas Andante, fica por 4,55€ euros.