A União Europeia (UE) vai apresentar um plano para aumentar a produção de munições, com o objetivo de atingir a meta de um milhão por ano no prazo de 12 meses. A ideia é não só ajudar ao esforço de guerra na Ucrânia, como também substituir as reservas europeias que se têm vindo a esgotar. Por seu lado, a Rússia está a pressionar os seus produtores, querendo duplicar a produção de mísseis..O plano que será apresentado esta quarta-feira pela Comissão Europeia propõe o uso de 500 milhões de euros do orçamento da UE para aumentar a produção de munição no bloco, depois de décadas de desinvestimento nesta área e face à dificuldade de responder às necessidades ucranianas. Esse valor corresponde contudo a apenas metade do investimento, cabendo aos estados-membros angariar outros 500 milhões de euros para os projetos.."No que diz respeito à defesa, a nossa indústria deve mudar para o modo de economia de guerra", disse o comissário de mercado interno da UE, Thierry Breton. "Estou confiante de que dentro de 12 meses poderemos aumentar nossa capacidade de produção para um milhão de cartuchos por ano na Europa", acrescentou, citado pela AFP..A ideia seria financiar novas linhas de produção de obuses e mísseis, intensificar a produção de pólvora e reequipar munições antigas. A Comissão Europeia, que já prometeu gastar dois mil milhões de euros para enviar munições para a Ucrânia ao longo do próximo ano, espera que com este investimento possa convencer a indústria de defesa europeia a apostar em novas fábricas e dar confiança aos estados-membros para enviarem mais munições que tenham armazenadas para Kiev..A falta de munições não é contudo um problema apenas do lado ucraniano, antes da esperada contraofensiva. A Rússia também estará com problemas. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, exigiu esta terça-feira a uma empresa estatal a duplicação da produção de mísseis, apesar de admitir que a JSC Tactical Missiles Corporation tem cumprido os seus contratos atempadamente. "[Mas], neste momento é necessário duplicar a produção de armas de alta precisão no mais curto espaço de tempo possível", afirmou Shoigu numa reunião com altas patentes militares..Na sua análise diária da situação no terreno, o Ministério da Defesa britânico dava esta terça-feira conta dos rumores sobre a demissão do vice-ministro da Defesa russo, o coronel-general Mikhail Mizintsev - que tem a pasta da logística e está no cargo há apenas oito meses. Apesar de esta saída não ter ainda sido comprovada, chama a atenção para o facto de "os problemas de logísticas continuarem no centro das dificuldades da campanha russa na Ucrânia"..Os britânicos reiteram que "a Rússia não tem munições suficientes para alcançar o sucesso na ofensiva", lembrando que a escassez gera "divisões internas", nomeadamente entre o exército russo e os paramilitares do Grupo Wagner. "A Rússia continua a dar a mais alta prioridade à mobilização de sua indústria de defesa, mas ainda não consegue responder à procura do tempo de guerra", acrescentam os britânicos..Twittertwitter1653273566681481218.Entretanto, a Rússia rejeitou as estimativas dos EUA em relação ao número dos seus soldados mortos em combate. Washington tinha dito, na segunda-feira, que 20 mil russos teriam morrido nos últimos cinco meses (além de 80 mil feridos). O Kremlin alega que o número "veio do nada" e que os norte-americanos não têm como saber o correto. Por seu lado, Shoigu disse que os ucranianos perderam, só no último mês, 15 mil soldados "apesar da ajuda militar sem precedentes" dos aliados ocidentais..susana.f.salvador@dn.pt