Derrotadas, as tropas russas abandonaram a região de Kharkiv, no entanto, segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, deixaram uma última marca da ocupação, ao atacarem as infraestruturas, tendo deixado o nordeste do país e parte de Donetsk num apagão. Ainda assim, o momento é de otimismo e, em Kiev, acredita-se que o momento de viragem seja definitivo..Na tarde de domingo, o comando militar da região contava mais de 40 povoações libertadas, enquanto nas redes sociais se dava conta de mais ainda, como por exemplo a norte da cidade de Kharkiv, Kudiivka, na fronteira com a Rússia. "A libertação dos povoamentos nos distritos de Kupiansk e Izium da região de Kharkiv está em curso", disseram os militares ucranianos. Estas duas cidades são os principais centros de abastecimento e logística de que a Rússia dependia por via férrea para reabastecer as posições na linha da frente no leste..DestaquedestaqueKiev diz ter recuperado 3000 quilómetros quadrados desde o início do mês, mais do que os avanços russos desde abril..Na retirada, que Moscovo dissera ser planeada, caixas de munições e material militar foram abandonados pelas forças invasoras. Com o ataque à maior central elétrica na região, o conselheiro do presidente Zelensky Mikhailo Podolyak classificou a ação russa de "manifestação de terrorismo" e ""resposta" cobarde pela fuga do seu próprio exército no campo de batalha"..O presidente ucraniano, pelo seu lado, aproveitou o momento para animar os espíritos e disse que o exército russo estava "a demonstrar o melhor que pode fazer, mostrar as suas costas". Já na Rússia os comentadores especializados nos assuntos militares, que até agora atiravam as culpas ao Ocidente ou à NATO por algum insucesso, voltaram-se para o Kremlin por este não ter mobilizado mais forças e não ter tomado outras medidas. Até Ramzan Kadyrov, o líder da Chechénia, criticou os "erros" do Ministério da Defesa russo e anunciou a criação de um "regimento especial" e de três batalhões, presume-se que para reforçar a "operação militar especial"..Mas a iniciativa está do lado ucraniano. Como disse o analista Jack Watling, do Royal United Service Institute de Londres, em declarações ao The New York Times, as forças russas arriscam-se a ser apanhadas numa série de "ciclos desmoralizantes", e os comandantes precisam de mostrar às suas forças que "não estão inevitavelmente a perder". Porém, nem Watling, nem outros analistas veem no exército russo forças treinadas e motivadas a curto prazo..Para não perder a iniciativa, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano Dmytro Kuleba voltou a pedir mais armamento. "Os fornecimentos imediatos aproximam-nos da vitória e da paz." Uma ideia partilhada na Alemanha por duas altas figuras dos partidos SPD e FDP, da coligação governamental, que pressionaram o chanceler Olaf Scholz em declarações públicas, segundo conta a Deutsche Welle..cesar.avo@dn.pt