As autoridades russas levantaram esta terça-feira (23) o regime antiterrorista na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, depois de o Ministério da Defesa ter anunciado a "liquidação" de autoproclamadas guerrilhas russas que atacaram várias cidades na véspera.."Foi tomada a decisão de cancelar o regime de operação antiterrorista na região de Belgorod", escreveu governador local, Vyacheslav Gladkov, no Telegram..O governo local informou que como resultado "das ações criminosas dos sabotadores, 13 civis sofreram ferimentos de vários graus, e estão a receber assistência médica" e confirmou a morte "por insuficiência cardíaca" de uma mulher de 82 anos.."Durante a inspeção da cena do crime, foram encontrados e apreendidos meios de transporte utilizados pelos sabotadores, armas automáticas e munições. Os sapadores desminaram o território em busca de engenhos explosivos", acrescentou o governo de Belgorod..O Ministério da Defesa da Rússia anunciou hoje a eliminação de todos os "sabotadores" russos que atacaram a região de Belgorod, na segunda-feira, observando que durante a operação "mais de setenta terroristas ucranianos foram liquidados"..O porta-voz da Defesa, Igor Konashenkov, sublinhou que parte dos atacantes foi expulsa para a Ucrânia, onde a artilharia russa continuou a atacá-los "até à sua eliminação total". Quatro veículos blindados também foram destruídos..Kiev rejeita responsabilidades e afirma tratar-se de uma "sublevação" por parte de "resistentes russos" no próprio país..Um representante da Direção de Inteligência Militar da Ucrânia atribuiu os ataques a dois grupos de voluntários russos que lutam contra o Kremlin: o Corpo de Voluntários Russos (CVR) e a Legião da Liberdade para a Rússia (LLR)..O CVR publicou vídeos dos ataques de segunda-feira no seu canal do Telegram, enquanto a LLR anunciou o "início da invasão de Graivoron, na região de Belgorod", onde ocorreu o ataque.."A Rússia será livre!", escreveu o LLR, que afirma no seu canal no Telegram que está "a lutar contra o regime ditatorial na Rússia"..O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, admitiu hoje a sua "profunda preocupação" com a incursão de sabotadores e assegurou que por isso a campanha militar na Ucrânia deve continuar..Embora tenha descartado que o Presidente russo, Vladimir Putin, realizaria uma reunião extraordinária com o Conselho de Segurança da Rússia dedicada à incursão, admitiu que a questão seria abordada na reunião habitual de sexta-feira..A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Malyar, chamou hoje "patriotas da Rússia" aos combatentes que "se revoltam contra o regime de Putin"..Malyar atribuiu as ações armadas ao "desejo dos cidadãos (russos) de mudar o sistema político do país e deter esta sangrenta guerra desencadeada pelo Kremlin"..A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).