Rússia ordena retirada dos seus militares da cidade de Kherson. Kiev desconfia

O perigo do avanço da contra-ofensiva ucraniana e o risco de cheias foram as razões apresentadas pelo ministro Sergei Shoigu para a retirada da cidade. Conselheiro do presidente da Ucrânia diz tratar-se de uma "encenação".
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O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ordenou esta quarta-feira que as tropas de Moscovo se retirem da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, para onde as forças ucranianas estão a avançar há algumas semanas.

"Comecem a retirar as tropas", disse Shoigu durante uma reunião transmitida na televisão com o comandante da Rússia na Ucrânia, Sergei Surovikin, que disse ter proposto a "difícil decisão" de recuar em Kherson e estabelecer defesas na margem esquerda do rio Dnipro.

De acordo com Sergei Surovikin, as forças russas estão a retirar-se pelo perigo do avanço da contra-ofensiva ucraniana e o risco de cheias, que poderia levar ao isolamento de várias unidades militares.

As autoridades pró-russas afirmam que já foram retirados 115 mil habitantes da cidade de Kherson.

Entretanto, Mykhaylo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano, já veio dizer que não vê "qualquer sinal" da retirada russa. "Não vemos sinais de que a Rússia esteja a deixar Kherson sem lutar", escreveu no Twitter, sugerindo que este anúncio poderá ser uma manobra, classificando mesmo a ordem do ministro da Defesa da Rússia como uma "declaração encenada na televisão".

A cidade de Kherson era a única capital regional que as forças russas tinham ocupado nos mais de oito meses de guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão de território ucraniano por parte da Rússia.

Segundo a TASS, o ministro da Defesa da Rússia foi informado esta quarta-feira pelos comandantes militares no terreno de que era impossível abastecer com mantimentos a cidade de Kherson e outras áreas da margem ocidental do rio Dnieper, tendo Shoigu concordado com a proposta de recuo das tropas para a margem leste.

As autoridades pró-russas de Kherson admitiram na terça-feira a superioridade numérica das forças ucranianas na região.

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