Rússia avança no nordeste e bombardeia oeste da Ucrânia com mísseis hipersónicos

Um menino de oito anos morreu na região de Ivano-Frankivsk, no oeste ucraniano, na sequência de bombardeamentos de mísseis hipersónicos Kinzhal.
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O Exército russo afirmou esta sexta-feira que "melhorou" as suas posições no nordeste da Ucrânia, onde a sua ofensiva na véspera forçou a retirada de civis, e bombardeou o oeste do país com quatro mísseis hipersónicos.

Um menino de oito anos morreu na região de Ivano-Frankivsk, no oeste da ex-república soviética, quando mísseis hipersónicos Kinzhal atingiram a região, informou o gabinete do procurador-geral ucraniano no Telegram.

A região tem sofrido poucos ataques desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, pois fica a centenas de quilómetros das linhas de frente de batalha.

Os confrontos concentram-se, sobretudo, no sul e no leste, onde Moscovo reivindica vários avanços há algumas semanas. "Na direção de Kupiansk, as unidades de assalto dos grupos de combate Oeste (...) continuaram as suas operações ofensivas numa ampla frente e melhoraram a situação tática", disse o Ministério russo da Defesa no seu relatório diário.

As tropas russas ocuparam essa localidade e os seus arredores no início do conflito, mas foram expulsas numa contraofensiva relâmpago realizada pela Ucrânia em setembro de 2022.

O Ministério russo da Defesa afirmou que as suas tropas melhoraram as suas posições perto das localidades de Olchana e Pershotravneve, na região de Kharkiv (nordeste). Perante o avanço dos russos, as autoridades ucranianas ordenaram na quinta-feira a evacuação de 37 cidades do distrito.

Em junho, a Ucrânia lançou uma contraofensiva, após receber um importante reforço militar das potências ocidentais, mas reconheceu dificuldades, perante a resistência das tropas russas.

O Exército ucraniano garantiu ontem que "a situação continua a ser difícil, mas que se mantém sob controlo" na região.

A Rússia bombardeia diariamente localidades ucranianas, algumas delas distantes da frente de batalha.

O Exército ucraniano informou que a Rússia lançou quatro mísseis hipersónicos Kinzhal contra a região de Ivano-Frankivsk e que apenas um deles foi interceptado.

"Um míssil Kh-47 poderá ter sido destruído na região de Kiev. Os outros impactaram perto de um aeródromo e danificaram infraestruturas civis, e outro atingiu uma área residencial", anunciou.

Restos do míssil Kinzhal destruído caíram sobre dois bairros da capital ucraniana, sem causar danos significativos, segundo as autoridades militares.

Na quinta-feira, um bombardeamento em Zaporíjia (sul) provocou um morto e 16 feridos, de acordo com as autoridades locais. A polícia especificou que dois mísseis Iskander destruíram um hotel na cidade, onde delegações estrangeiras costumam hospedar-se.

"Estou chocado que [o míssil] tenha atingido um hotel frequentemente utilizado por funcionários das Nações Unidas e nossos colegas de ONGs em Zaporíjia", disse o coordenador da ONU na Ucrânia, Denis Brown, que também se hospedou no estabelecimento. "É totalmente inaceitável", acrescentou.

O Exército russo alegou ter atacado "um local de mobilização temporária de mercenários estrangeiros".

Nas últimas semanas, Moscovo bombardeou repetidamente locais de lazer e descanso nesta cidade. Na terça-feira, nove pessoas morreram num ataque contra a cidade de Pokrovsk, também no leste.

O Exército russo disse, por sua vez, ter abatido um drone ucraniano a oeste de Moscovo.

"O drone foi desativado eletronicamente e caiu numa floresta no oeste de Moscovo", declarou o Ministério russo da Defesa no Telegram, acusando o "regime de Kiev" do ataque.

É a terceira vez nesta semana que drones são derrubados em Moscovo. Os ataques dentro do território russo multiplicaram-se nas últimas semanas, na maioria dos casos sem causar danos ou vítimas.

Na Ucrânia, o presidente Volodimir Zelensky anunciou a demissão de todos os funcionários regionais encarregados do recrutamento militar, no âmbito de uma campanha para erradicar a corrupção que permitia aos recrutas evitarem o alistamento. O combate à corrupção endémica é uma das condições impostas pela União Europeia (UE) para a entrada do país no bloco.

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