Rússia aberta a visita da Cruz Vermelha a prisão de ucranianos bombardeada em julho

Rússia diz que Cruz Vermelha tinha permissão para visitar a prisão de Olenivka, mas que essa visita foi bloqueada devido à falta de garantias de segurança.
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A Rússia disse esta quinta-feira que a Cruz Vermelha tinha permissão para visitar a prisão de Olenivka, onde dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos morreram num ataque à bomba em julho, mas que foi bloqueada devido à falta de garantias de segurança.

No início desta semana, Kiev acusou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de "inação" em relação aos prisioneiros ucranianos detidos pela Rússia, dizendo que a falta de visitas a soldados e civis detidos os deixou vulneráveis ​​a serem torturados.

Em resposta, a Cruz Vermelha disse que partilha da frustração mas enfatizou que só pode realizar essas visitas quando tiver autorização e garantias de segurança.

A organização tem pedido a ambos os lados que forneçam mais acesso aos seus prisioneiros de guerra e expressou preocupação particular com a falta de acesso à prisão em Olenivka, controlada pelo Kremlin, no leste da Ucrânia.

Cada lado culpou o outro pelos ataques mortais de 29 de julho, enquanto as Nações Unidas alertaram para as péssimas condições sanitárias das instalações prisionais.

Gennady Gatilov, embaixador da Rússia em Genebra, disse que o Ministério da Defesa russo concedeu permissão para uma visita da Cruz Vermelha a Olenivka a 4 de agosto. "Eles deram luz verde", afirmou aos jornalistas durante um briefing organizado pela associação de correspondentes da ONU, realçando que "esta situação está a mudar do ponto de vista militar".

A Cruz Vermelha, disse Gatilov, está a solicitar garantias de segurança para realizar uma visita, mas "não é fácil fornecer esse tipo de segurança, porque o bombardeamento continua". "Do ponto de vista da segurança... esta situação não permite uma visita a Olenivka", frisou.

Mas Gatilov disse que discutiu a questão do acesso de prisioneiros de guerra com a nova líder da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric Egger, enfatizando que Olenivka era apenas uma das instalações onde as visitas da Cruz Vermelha estavam em cima da mesa.

O embaixador russo em Genebra afirmou que a Rússia está a assumir uma "posição construtiva" e permitiu cinco ou seis dessas visitas a prisioneiros de guerra ucranianos detidos na Rússia nos últimos meses, e que está em discussões para facilitar mais visitas. "Temos mais de 6000 prisioneiros ucranianos e às vezes não é possível organizar todas as visitas", acrescentou.

Gatilov rejeitou as acusações de que prisioneiros de guerra detidos pela Rússia estavam a sofrer abusos, insistindo que foram tratados "muito bem" e alegando que o mesmo não acontecia com o outro lado, que acusou de levarem a cabo "tortura".

De acordo com as Convenções de Genebra, todas as partes em conflitos armados internacionais são obrigadas a conceder à Cruz Vermelha acesso a todos os prisioneiros de guerra para avaliar a sua situação.

A organização não divulga publicamente as suas conclusões, mas esforça-se para trabalhar com as várias partes para melhorar as condições.

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