Putin e Biden numa guerra de discursos

Presidentes russo, em Moscovo, e americano, em Varsóvia, vão analisar a guerra na Ucrânia, em vésperas do 1.º aniversário.
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Poucas horas depois de, em Moscovo, na próxima terça-feira, Vladimir Putin proferir um discurso do Estado da Nação no qual deverá avaliar os progressos do que há quase um ano apelidou de "operação especial" na Ucrânia, na Polónia - onde deveria chegar segunda-feira, mas só o deve fazer um dia depois - Joe Biden deverá deixar uma mensagem clara ao homólogo russo de que os EUA estão ao lado dos ucranianos e assim continuarão "pelo tempo que for necessário", como explicou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Presidência dos EUA.

Uma verdadeira guerra de discursos nas vésperas do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, e quando o conflito parece longe do fim.

Putin vai falar logo de manhã diante da Assembleia Federal, com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a lembrar que "toda a nossa vida gira agora em torno da operação militar especial, que afetou a nossa vida de uma forma ou de outra, afeta a vida no continente. E é por isso que se deve esperar que o presidente lhe preste muita atenção".

A intervenção, que será retransmitida por todas as televisões públicas do país, mas para a qual o Kremlin proibiu os meios de comunicação estrangeiros de países considerados "inimigos" de se acreditarem, coincidirá com a data em que o presidente russo reconheceu, há um ano, a independência de Donestsk e Lugansk, um prelúdio para o início da campanha bélica. Uma "operação militar especial" que justificou com a necessidade de "libertar do genocídio" o povo do Donbass e "desnazificar" a Ucrânia.

Já Joe Biden vai discursar ao fim da tarde nas arcadas do histórico Castelo Real de Varsóvia, que dista cerca de 800 km de Kiev. Apesar das crescentes reticências de alguns setores republicanos, o presidente deverá defender a continuidade do apoio financeiro, político e militar aos ucranianos e sublinhar a importância da NATO nesse apoio.

Depois de em março do ano passado, noutra viagem à Polónia, Biden ter feito uma visita-surpresa à fronteira com a Ucrânia, onde se encontrou com militares, desta vez tal deslocação não está prevista. O presidente americano deverá, sim, encontrar-se com o presidente polaco, Andrzej Duda - cujo gabinete anunciou que a chegada do chefe de Estado americano passou de hoje para amanhã -, e com os líderes dos países do grupo conhecido como "Bucareste 9": Bulgária, Chéquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia e Eslováquia.

Este domingo, em declarações à CBS, o secretário de Estado Antony Blinken deixou um alerta: a China estará a avaliar enviar armas para a Rússia. O chefe da diplomacia americana falava depois de um encontro à margem da Conferência de Segurança de Munique com o homólogo chinês, Wang Yi, e garantiu: "A preocupação que temos agora é baseada na informação que temos de que [a China] está a considerar fornecer apoio letal" a Moscovo para ser utilizado na invasão da Ucrânia. E especificou que tal ação envolveria "tudo, desde munição até às próprias armas". Na véspera, fora a vez de a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, afirmar em Munique que os EUA têm provas de que a Rússia está a cometer "crimes contra a humanidade" na Ucrânia.

helena.r.tecedeiro@dn.pt

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