Número de mortos ultrapassa os 12 000. Erdogan admite lacunas no socorro
O presidente turco deslocou-se à província de Hatay, uma das mais devastadas pelo sismo de segunda-feira, e garantiu que não será deixado "ninguém sob as ruínas, nem ninguém a sofrer".
O forte terremoto que sacudiu a Turquia e a Síria esta segunda-feira já provocou mais de 12 000 mortos no total, de acordo com o mais recente balanço fornecido esta quarta-feira pelas autoridades oficiais e médicos.
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Na Turquia, 9057 pessoas morreram, enquanto 2992 perderam a vida na Síria após o sismo de magnitude 7,8, informaram as mesmas fontes.
No território sírio, as equipas de emergência e as autoridades locais reportaram pelo menos 5000 feridos.
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Durante a manhã desta quarta-feira, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan tinha informado que cerca de 50 000 pessoas ficaram feridas, durante a visita às zonas atingidas pelo terramoto.
O presidente turco reconheceu "lacunas" na resposta das autoridades ao sismo que atingiu o seu país, mas fustigou as críticas "desonestas". "Decerto que houve lacunas, é impossível estar preparado para um desastre desta dimensão", declarou Erdogan, que se deslocou à província de Hatay, uma das mais atingidas e junto à fronteira com a Síria.
"Algumas pessoas desonestas e sem vergonha publicaram falsas declarações como não vimos soldados nem polícias'" na província de Hatay, denunciou o líder turco, garantindo que os polícias e os soldados "são gente honrada". "Não deixaremos que pessoas pouco recomendáveis se refiram a eles desta forma", invetivou.
O presidente turco afirmou que 21 000 membros do pessoal dos serviços de socorro foram deslocados apenas para a província de Hatay. "Ao atuarmos desta forma, daremos uma resposta ao desastre de forma a não deixarmos ninguém sob as ruínas, nem ninguém a sofrer", prometeu, a menos de quatro meses das eleições presidenciais.
Nos escombros dos edifícios de uma dezena de cidades do sul e do sudeste da Turquia, devastadas pelo sismo de magnitude 7,8 que também atingiu o norte da Síria, os sobreviventes que aguardam ajuda criticaram vivamente o Governo turco, e em particular Erdogan, no poder desde 2003, ao referirem estarem "abandonados" no frio.
Na sequência das crescentes críticas face à atuação das autoridades, o Twitter ficou hoje inacessível nos principais fornecedores de telemóveis turcos. O organismo de supervisão da internet netblocks.org sublinhou que o acesso ao Twitter estava limitado "através de diversos fornecedores de acesso internet na Turquia".
"A Turquia tem uma longa história de restrições das redes sociais durante urgências nacionais e incidentes de segurança", acrescentou o organismo.
A polícia turca deteve 12 pessoas após o sismo de segunda-feira por publicações, nas redes sociais, que criticavam a forma como o Governo estava a gerir a catástrofe.
As redes sociais turcas estão repletas de mensagens de pessoas que se queixam da ausência de organizações de socorro e de operações de busca às vítimas nas suas zonas, em particular na província de Hatay.
Os responsáveis turcos não reagiram no imediato às perturbações do serviço.
No entanto, advertiram por diversas vezes contra a divulgação da desinformação antes das eleições cruciais de 14 de maio, onde Erdogan procura uma nova reeleição.
Os socorristas conseguiram ainda hoje detetar sobreviventes nos escombros, mesmo que as hipóteses de sobrevivência estejam a diminuir, dois dias após o violento sismo e cujo balanço continua a agravar-se com pelo menos 11.700 mortos na Turquia e Síria.
Notícia atualizada às 23:44