Mais de 1500 ativistas holandeses detidos por cortarem estrada

As detenções decorreram durante um protesto do grupo climático Extinction Rebellion, em Haia. Os manifestantes exigem o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis.
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Os ativistas bloquearam uma secção de uma autoestrada durante a tarde em protesto contra os subsídios do governo holandês aos combustíveis fósseis. A polícia disse ter utilizado canhões de água para dispersar os ativistas que bloqueavam uma estrada principal da cidade e deteve "um total de 1.579 pessoas, 40 das quais serão processadas" por acusações que incluem vandalismo.

Um dos ativistas mordeu um polícia durante a sua detenção, segundo a polícia.

De acordo com a Extinction Rebellion, cerca de 7000 pessoas juntaram-se à manifestação.
Antecipando os canhões de água, alguns usaram fatos de banho ou transportaram guarda-chuvas enquanto se sentavam em protesto ao longo da autoestrada A12, segurando faixas e cartazes.

O protesto é o sétimo organizado pela Extinction Rebellion no mesmo troço da autoestrada em Haia, perto do Parlamento e dos principais edifícios ministeriais.

Mas no sábado registou-se o maior número de pessoas detidas numa manifestação, segundo a agência noticiosa holandesa ANP.

"Vamos ficar aqui até nos arrastarem", disse a estudante de pós-graduação Anne Kerevers, 31 anos.
"As alterações climáticas são uma crise que se está a desenvolver e nós sabemos a sua causa, mas continuam a ser subsidiadas pelo nosso governo e isso tem de acabar", disse à AFP.

Várias celebridades holandesas estavam entre os manifestantes, incluindo a atriz Carice van Houten, mais conhecida pelo seu papel de Melisandre na série televisiva de sucesso Guerra dos Tronos. Van Houten publicou um vídeo no Instagram em que se mostrava a usar um poncho vermelho e a ser encharcada por um canhão de água.

A ANP informou que ela foi detida e depois autorizada a voltar para casa, mas não especificou se ela estava entre os que serão processados.

A polícia afirmou ter repetidamente "dado aos ativistas a oportunidade de terminarem a sua ação e irem embora" antes de usar o canhão de água e efetuar as detenções.

"Temos regressado todos os meses, ou de dois em dois meses, e de cada vez o número (de manifestantes) duplicou", disse Aaron Pereira, porta-voz da Extinction Rebellion. "Há um amplo apoio popular a uma verdadeira ação climática e as pessoas estão a acordar para o facto de o governo estar a ir ativamente contra isso, subsidiando a indústria dos combustíveis fósseis."

O grupo ativista, também conhecido pela abreviatura XR, tornou-se conhecido pelas suas manobras disruptivas e de destaque que se tornaram a sua imagem de marca.

Nos últimos anos, o grupo causou enormes perturbações, atingindo estradas, aeroportos e outras redes de transportes públicos com ações diretas de protesto contra as alterações climáticas.
Mas, em janeiro, o grupo suspendeu temporariamente as suas ações de grande visibilidade e, em vez disso, prometeu mobilizar um grande número de pessoas contra o que considera ser a inação do governo contra o aquecimento global.

Em abril, organizou quatro dias de ação em Londres, incluindo a mobilização de milhares de pessoas para uma manifestação em frente ao Parlamento britânico.
Nos últimos meses, também se manifestou em aeroportos de toda a Europa, incluindo protestos no aeroporto de Eindhoven, nos Países Baixos, em março.

Esta semana, juntou-se a outros grupos para se manifestar contra a maior feira de venda de jatos privados da Europa, em Genebra. Alguns ativistas acorrentaram-se aos aviões em exposição e o tráfego aéreo foi brevemente interrompido no aeroporto devido à presença de pessoas na pista.

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