O líder da Bielorrússia visita Pequim dias depois de a China ter apresentado uma proposta para uma trégua entre a Rússia e a Ucrânia, e horas depois de um avião russo de reconhecimento ter sido alvo de sabotagem numa base aérea bielorrussa. No terreno, Kiev diz que as forças invasoras estão a aumentar a intensidade dos ataques e a tentar avançar em cinco direções..Alexander Lukashenko, o autocrata que está no poder há quase três décadas está de visita à China, onde será recebido por Xi Jinping, o líder chinês com mais poderes desde Mao Tsé-tung. O primeiro é o principal aliado do russo Vladimir Putin e tem colaborado com Moscovo ao permitir que ataques se desenrolem a partir do seu território - embora tenha até agora evitado envolver os seus militares. O segundo disse dias antes da invasão do ano passado que a parceria entre a China e a Rússia "não tem limites" e há dias o alto diplomata Wang Yi voltou a elogiar as relações sino-russas: "São de caráter maduro, são sólidas e resistirão a qualquer teste numa situação internacional em mudança"..Ao receber o homem que é formalmente o líder da União Estatal da Rússia e da Bielorrússia, Pequim está a dar um sinal mais de apoio a Moscovo ou, pelo contrário, a oferecer a Lukashenko outras opções a um país alvo de sanções do Ocidente?.Minsk disse que a visita à China é uma oportunidade para oferecer uma "resposta aos desafios urgentes no ambiente internacional atual". Pequim, que se mostra contra a "ingerência de forças externas nos assuntos internos da Bielorrússia e à imposição ilegal de sanções unilaterais", diz querer desenvolver uma "parceria estratégica" com Minsk..Para o diretor do Conselho para o Diálogo nas Relações Internacionais de Minsk Yauheni Preiherman, o seu país há muito que procura aprofundar relações com a China, algo que ganhou mais preponderância com as sanções, pelo que Lukashenko estará interessado em obter acordos comerciais e de investimento, a começar na área militar. Mas a visita também terá outro caráter: "Porque a Bielorrússia está tão perto da Rússia e do campo de batalha, Lukashenko tem informações exclusivas sobre a situação no campo de batalha. Tenho a certeza de que isto será de particular interesse para os líderes de Pequim", disse ao New York Times..Depois de no início da invasão os caminhos de ferro bielorrussos terem sido alvo de partizans para impedir o transporte de equipamento militar russo, há a notícia do mais significativo ato de sabotagem. Segundo meios de comunicação bielorrussos, drones atingiram na base aérea de Machulishchy um avião A-50 russo, que tem um radar de longo alcance de localização de aeronaves - uma peça importante para o domínio aéreo..A visita ocorre numa altura em que altos responsáveis norte-americanos e o secretário-geral da NATO advertem para a hipótese de a China fornecer equipamento militar à Rússia. Pequim divulgou na sexta-feira uma proposta para uma trégua e conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, o que foi recebido com ceticismo pelo Ocidente. Também o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mostrou alguma cautela. A China não condenou a invasão russa, e diz ter uma posição neutra, mas os seus críticos dizem que não tem condições para mediar o conflito devido aos laços com a Rússia..Na frente de guerra, a vice-ministra da Defesa Hanna Maliar disse que "o inimigo está a aumentar a intensidade das operações de ataque", tendo alegado que os russos sofrem diariamente de 600 a 1000 baixas. Já o Estado-Maior ucraniano disse que os russos estão a tentar avançar em cinco direções, tendo lançado 28 ataques aéreos, incluindo 12 ataques com drones iranianos - há dias os serviços de informações militares britânicos afirmavam que Moscovo está "quase" sem drones.