Explosão suspeita no dia em que Shoigu alertou sobre ameaças à Rússia

Versão oficial sobre o incidente em fábrica não coincide com vídeos. Ministro da Defesa acusa Polónia de querer ocupar a Ucrânia.
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Horas depois de as autoridades de Moscovo terem anunciado a neutralização de dois drones de combate, uma explosão junto de uma fábrica que produz material ótico e eletrónico a norte da capital russa causou um morto e pelo menos 55 feridos, cinco em estado grave. Ao dirigir-se aos militares, o ministro da Defesa Sergei Shoigu disse que as ameaças ao seu país aumentaram "exponencialmente" e que a resposta será "atempada e adequada".

As informações do governador da região Andrei Vorobyov apontaram num primeiro momento para uma explosão num armazém de material pirotécnico, mas mais tarde afirmou que a fábrica - fornecedora do Exército - já não tem qualquer relação com ótica "há algum tempo".

Situada em Sergiev Posad, a 70 quilómetros de Moscovo, a fábrica Zagorsk ardeu parcialmente em junho. E agora, segundo vídeos nas redes sociais, estaria a fabricar ou armazenar munições e não material pirotécnico: são visíveis em várias publicações projéteis perto da fábrica.

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A magnitude da explosão produziu uma enorme coluna de fumo e danificou 38 edifícios residenciais em redor, dos quais saltaram janelas. As autoridades russas não forneceram uma causa provável para o sucedido, mas alguns meios de comunicação afirmaram que a explosão se deveu a um ataque de drones. As autoridades acusaram a Ucrânia de uma tentativa de ataque depois de terem informado que as defesas aéreas haviam abatido duas aeronaves não tripuladas que seguiam para a capital durante a noite, mas rejeitaram essa hipótese.

Durante uma reunião com os oficiais superiores das Forças Armadas russas, o ministro da Defesa apresentou um cenário preocupante, ao dizer que "nas direções estratégicas ocidental e noroeste, as ameaças à segurança militar da Rússia aumentaram exponencialmente", as quais "exigem uma reação atempada e adequada".

Ao apresentar um relatório sobre o reforço dos agrupamentos militares russos nas fronteiras ocidentais do país, Sergei Shoigu, considerou a adesão da Finlândia à NATO e a futura da Suécia como um "grave fator de desestabilização" porque a fronteira terrestre da Rússia com a Aliança Atlântica duplicou. "É provável que contingentes militares da NATO e armas capazes de atingir alvos críticos no noroeste da Rússia sejam colocados em território finlandês", alertou.

Além disso, o homem que o chefe do grupo de mercenários Wagner Yevgeny Prigozhin queria derrubar vê a "militarização da Polónia" como um problema. Para Shoigu, Varsóvia é ao mesmo tempo o "principal instrumento da política antirrussa dos EUA", e pretende formar o Exército "mais poderoso da Europa" para depois ocupar o ocidente da Ucrânia. "Existem planos para criar a chamada ligação polaco-ucraniana, supostamente para garantir a segurança da Ucrânia Ocidental, mas, na realidade, para a ocupação subsequente deste território", acusou.

Para o ministro da Defesa, a Ucrânia está a travar uma "guerra por procuração" contra a Rússia, com o Ocidente a oferecer "um apoio sem precedentes ao regime fantoche" de Kiev. "A disponibilidade do Ocidente para enviar uma quantidade considerável de recursos disponíveis para a Ucrânia, a fim de alterar a situação no campo de batalha a seu favor, cria sérios riscos de uma escalada do conflito", afirmou. Shoigu acusou ainda os EUA de exigirem aos aliados o fornecimento de armas "cada vez mais letais e de maior alcance", como por exemplo os mísseis britânicos Storm Shadow.

cesar.avo@dn.pt

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