O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso admitiu este sábado que a paz na Ucrânia possa não ser alcançada durante a sua vida e disse ser "decididamente a favor" da adesão deste país à União Europeia e NATO..Durão Barroso deu uma 'aula' na Universidade de Verão do PSD sobre "A Europa e o Mundo: Desafios e Perspetivas" e uma das questões dos jovens participantes nesta iniciativa de formação política foi sobre a sua perspetiva sobre o fim da guerra na Ucrânia.."Muitas vezes me perguntam como é que vai acabar a guerra. E eu respondo com uma pergunta, quem diz que vai acabar? Poderá haver uma negociação - um cessar-fogo é melhor do que a guerra -, mas paz não vejo num futuro previsível, talvez nas vossas vidas, na minha não vejo que venha a haver", afirmou..Durão Barroso considerou que é melhor a União Europeia estar preparada para um conflito de "longo prazo", lembrando que há guerras que duram "há décadas".."Sou decididamente a favor da Ucrânia na UE e na NATO, mas tem de ser feito com inteligência e cuidado. Não podemos baixar os níveis de exigência para a entrada, senão deixa de ser uma União Europeia", alertou, acrescentando que também tem de ser acelerada a entrada dos países que aguardam há mais tempo, como os Balcãs..Na Ucrânia, tal dependerá igualmente de haver pelo menos "uma trégua" na guerra com a Rússia.."Como indicação, 2030 é uma ideia interessante, mas não devemos comprometer-nos com datas", disse..O momento desta entrada dependerá tanto da capacidade dos países candidatos, "como da capacidade de absorção" da União, que tem de aproveitar esse tempo para se reformar internamente, disse o antigo primeiro-ministro, lembrando que, atualmente, a alteração dos tratados implica unanimidade.."Temos de alterar as regras se [a UE] passar de 27 para 35 membros e os países que não aceitarem não deixam de ser membros. Tem de haver criatividade jurídica e institucional para integrar novos membros", considerou..Durão Barroso recordou que foi durante o seu mandato na Comissão Europeia, em 2014, que a Rússia invadiu a Crimeia e contou o que o Presidente russo, Vladimir Putin, lhe disse na altura.."Disse que não era uma verdadeira invasão -- 'são alguns russos que estão ali perto' -- e que, se fosse, conseguiriam tomar Kiev em duas semanas. Ou seja, no seu espírito já estava, de forma consciente e insciente, o desejo de tomar a Ucrânia", sublinhou..Ainda sobre a guerra, elogiou a forma como a Europa se manteve unida no apoio à Ucrânia e considerou que foram dados passos "que eram impensáveis", como a adesão da Finlândia e, em breve, da Suécia à NATO ou a aquisição de armas e munições pela União Europeia.."As circunstâncias mudam e o que era impossível torna-se necessário, é esse o objetivo da política: tornar possível o que é necessário", defendeu..A outra pergunta sobre as condições da Turquia para aderir à União Europeia, Durão Barroso deu uma resposta clara: "Não considero ter condições para entrar num futuro previsível".."Estamos num certo jogo de ilusões, nem a Turquia nem a União Europeia acreditam", considerou..Questionado se antevê riscos de mais países quererem sair da União Europeia, o antigo primeiro-ministro apontou a saída do Reino Unido "mais como uma vacina do que um vírus".."A forma como o Brexit se deu não encorajou outros a sair", considerou.