Detenção de blogger vai enfurecer militares russos

Antigo agente do FSB, Igor Girkin foi condenado pelo abate do voo MH17. Nos últimos dias virara as suas críticas contra Putin.
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A detenção de Igor Girkin, acusado de "extremismo", vai enfurecer elementos das Forças Armadas russas, bem como a restante comunidade de bloggers de guerra que têm acompanhado o conflito na Ucrânia. O alerta parte dos serviços secretos do Ministério da Defesa britânico que na sua atualização diário sobre a guerra, no Twitter, sublinham que para muito militares russos, Girkin é visto como um "patriota e analista militar astuto".

Antigo agente dos Serviços Federais de Segurança da Rússia (FSB) Igor Girkin foi condenado pela justiça dos Países Baixos pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014, tendo-se recentemente tornado crítico do Kremlin. De acordo com o Ministério da Defesa britânico, o blogger há muito que era cético em relação à atuação dos militares russos na Ucrânia, mas nos últimos dias, os seus comentários nas redes sociais "tornaram-se críticas diretas ao presidente Vladimir Putin e à sua atuação no poder".

Desde a invasão russa da Ucrânia em janeiro de 2022, Girkin tinha repetidamente declarado a vontade de ir para a zona de guerra, ao mesmo tempo que criticava o Kremlin e o Ministério da Defesa, bem como o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, e o fundador do Grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin.

Em novembro do ano passado, um tribunal em Haia (que assumiu a jurisdição sobre o abate do voo MH17, dado que 193 das 298 vítimas mortais tinham nacionalidade neerlandesa) condenou pelo ataque Girkin, além do cidadão russo Serguei Dubinski e o cidadão ucraniano Leonid Jarchenko.

O voo da Malaysia Airlines, que viajava de Amsterdão para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil quando sobrevoava o leste da Ucrânia, uma área extremamente conturbada por confrontos entre tropas ucranianas e milícias separatistas pró-Rússia (com quem Girkin colaborava).

No terreno, o dia de ontem foi marcado pelo ataque com um drone ucraniano que causou a explosão de um depósito de munições na Crimeia. O governador da região imposto por Moscovo ordenou a retirada dos residentes num raio de cinco quilómetros. As autoridades russas suspenderam também momentaneamente o tráfico rodoviário na ponte que liga a península da Crimeia à Rússia, apenas uns dias depois de um ataque ter danificado aquela infra-estrutura.

No início de junho, a Ucrânia lançou uma contraofensiva para reconquistar os territórios tomados pela Rússia e expressou sua intenção de recuperar a Crimeia, que Moscou anexou em 2014.

Em paralelo, o presidente Volodymyr Zelensky teve uma conversa telefónica com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, para discutir os "passos futuros" para desbloquear o corredor do Mar Negro para a exportação de cereais. Na segunda-feira, a Rússia anunciou a suspensão do acordo, afirmando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.

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