Boris Jonhson foi à Escócia opor-se a novo referendo

O primeiro-ministro britânico deslocou-se à Escócia para expressar a oposição a um segundo referendo sobre a independência escocesa e elogiar os méritos da unidade nacional.
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"Penso que não é bom continuar a falar sobre outro referendo", disse Boris Johnson durante a visita, que foi focada na resposta à atual crise sanitária da doença covid-19.

"O que as pessoas deste país desejam, o que os escoceses desejam acima de tudo, é que lutemos juntos contra esta pandemia", prosseguiu o primeiro-ministro britânico.

E reforçou: "Não vejo qualquer interesse em nos perdemos numa disputa constitucional inútil, quando, afinal de contas, tivemos um referendo não há muito tempo".

A decisão de convocar uma nova consulta pública na Escócia recai sobre o primeiro-ministro conservador britânico, após o referendo de 2014 no qual 55% dos escoceses votaram pela permanência no Reino Unido.

Esta viagem de Boris Johnson é vista como uma operação de charme perante a crescente popularidade da independência entre os escoceses, alimentada pelo descontentamento com o Brexit (processo da saída britânica da União Europeia) e a gestão da crise pandémica.

A visita surge a três meses das eleições escocesas, nas quais os separatistas do Partido Nacionalista Escocês (SNP) são favoritos para renovar a maioria absoluta.

A chefe do governo escocês e líder do SNP, Nicola Sturgeon, defende há vários meses um novo referendo de autodeterminação, que deseja realizar após a pandemia se houver uma maioria pró-independência no Parlamento escocês nas eleições locais de maio.

Não é só Sturgeon: na mais recente sondagem sobre a independência, 53% defende essa opção e 47% está contra.

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A par das críticas relacionadas com a politização desta viagem, Boris Johnson também está a ser criticado por não estar a cumprir as medidas restritivas em vigor para travar a progressão da pandemia da doença covid-19 no Reino Unido, especialmente da nova variante do SARS-Cov-2 detetada no país e que foi identificada como mais contagiosa e potencialmente, segundo Londres, como mais mortífera.

Nicola Sturgeon admitiu na quarta-feira que não estava "eufórica" com esta viagem de Boris Johnson e questionou mesmo se seria "essencial" tendo em conta que não é aconselhável viajar dentro do Reino Unido em plena pandemia. "Como líderes, devemos dar o exemplo", ressaltou na mesma ocasião.

Durante a visita, o primeiro-ministro britânico visitou o laboratório do Queen Elizabeth University Hospital, em Glasgow, onde os testes ao novo coronavírus são processados, e encontrou-se com militares que estavam a montar um centro de vacinação.

Boris Johnson argumentou que a Escócia beneficia diretamente da estratégia do seu governo para a obtenção de vacinas de forma rápida.

"Estou aqui na qualidade de primeiro-ministro de todo um país para agradecer aos funcionários e aos prestadores de serviços públicos que trabalham arduamente em todo o Reino Unido e que estão a fazer um trabalho fantástico", disse.

O Reino Unido tornou-se na terça-feira o primeiro país europeu a ultrapassar as 100 mil mortes associadas à doença covid-19.

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